17 de julho de 2025
Em nova declaração, Trump admite que puniu Brasil com tarifa
Compartilhe:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a vincular diretamente a taxação de 50% sobre produtos brasileiros à situação política do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em declaração dada nesta quarta-feira (16), no Salão Oval da Casa Branca, Trump afirmou que o Brasil recebeu a maior tarifa entre os países afetados pela nova política comercial americana como forma de retaliação à forma como, segundo ele, Bolsonaro tem sido tratado pelas autoridades brasileiras.

“O melhor acordo que podemos fazer (com outros países) é enviar uma carta, e a carta diz que você vai pagar 30%, 35%, 25%, 20%. Em um caso é 50%, o Brasil, porque o que estão fazendo com seu ex-presidente é uma desgraça. Eu conheço o ex-presidente, ele lutou muito pelo povo do Brasil. Acredito que ele é um homem honesto e que o que estão fazendo com ele é algo terrível 

A fala dá continuidade ao tom político adotado pelo republicano desde a carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual comunicou formalmente a adoção das tarifas. O documento já havia causado forte repercussão por citar, antes de qualquer argumento econômico, o processo judicial contra Bolsonaro como justificativa central para a medida.

Em carta destinada a Lula, pressão para julgamento cessar

A declaração de Trump, classificando como “caça às bruxas” o julgamento do ex-presidente brasileiro por tentativa de golpe após as eleições de 2022, acentuou o desgaste nas relações bilaterais e ampliou o debate político interno. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump em suas redes.

Pesquisa mostra que 72% dos brasileiros discordam da tarifa

Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta, a opinião pública brasileira rejeita amplamente a posição do presidente americano. Para 72% dos entrevistados, a taxação de produtos brasileiros em apoio a Bolsonaro é injustificada. Além disso, 79% afirmam que a medida deve impactar negativamente suas vidas, enquanto 63% discordam da visão de Trump sobre a relação comercial entre os dois países.

O gesto gerou reações distintas no cenário político nacional. De um lado, o governo Lula se beneficiou da onda de críticas ao intervencionismo americano e passou a adotar uma retórica de defesa da soberania nacional, ganhando tração nas redes sociais. De outro, o campo bolsonarista mergulhou em divergências internas.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos, tem reforçado o alinhamento com Trump e defendido a taxação como um mal necessário. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que antes também apoiava o republicano, agora busca diálogo com autoridades americanas para tentar reverter a decisão, o que o coloca em rota de colisão com parte da base bolsonarista mais radical.

A tensão entre os dois aliados de Bolsonaro simboliza a dificuldade do grupo político em lidar com o impacto real das ações de Trump na economia brasileira. A disputa interna também reflete diferentes estratégias diante do desgaste crescente da imagem do ex-presidente e do aumento do custo político associado a ele.

Enquanto isso, o governo brasileiro avalia os próximos passos diplomáticos e considera acionar instâncias internacionais para contestar a legalidade da medida adotada por Washington. A crise, que teve início com motivações claramente políticas, tende a se aprofundar no campo econômico e nas relações multilaterais do Brasil com os Estados Unidos.

LEIA MAIS

Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-nova-declaracao-trump-admite-que-puniu-brasil-com-tarifa-de-50-por-causa-de-bolsonaro/