
“Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?” – título inspirado no livro “Triste não é a palavra certa”, de Gabriel Abreu – é o novo trabalho discográfico de Rubel, lançado em Maio deste ano, sucedendo assim ao disco “As Palavras”. Lançado após um hiato devido a uma operação, em 2023, a um sopro no coração, o artista revela que sente “que este álbum é ainda um aprofundamento maior desse desejo de me libertar um pouco da vontade ou das preocupações de mercado e, simplesmente, fazer um álbum que considere bonito e verdadeiro.” Introspectivo, íntimo, com a guitarra e voz mais em destaque, referiu também em entrevista à Comunidade Cultura e Arte que “é um disco mais próximo das coisas que amo. Adoro a música brasileira dos anos 70 – Caetano, Gil, Jorge Ben – esse universo sempre me pareceu impossível, para além dos meus limites”, revela.
Rubel vai estar em Portugal, em Novembro, dia 18 em Braga, no Theatro Circo; dia 20 em Lisboa, no Centro Cultural de Belém (CCB); e dia 23 no Porto, na Casa da Música. Como forma de privilegiar a intimidade e a espontaneidade com o público, algo não tão fácil num contexto mais macro como um grande festival, por exemplo, o artista explica na entrevista que se segue “que este espetáculo, tal como o álbum, foi pensado como uma extensão do meu quarto, ou como uma forma de captar como me sinto a tocar em casa. Foi literalmente gravado neste quarto, que é um quarto da minha casa. A ideia é que o espetáculo também passe essa sensação. E, pelos primeiros concertos, acho que é isso que está a acontecer. Está mesmo a acontecer”. Ainda houve tempo, também, para se falar do humor, como este desconstrói a seriedade das coisas e como pode estar próximo da poesia, devido às múltiplas aberturas que oferecem: “O humor tem a possibilidade profunda de desmontar a seriedade das convenções sociais que inventámos”.
Confessaste numa entrevista à Globo que o processo deste álbum foi muito marcado, não pela ideia de ser um sucesso, mas sim pela ideia de fazer algo bonito e verdadeiro. Porque é que este disco acabou por ser mais marcado por essa ideia? Achas que o hiato que fizeste por motivos de saúde contribuiu para isso, para te focares cada vez mais na qualidade?
Acho que essa ideia vem porque, quando começamos a ter uma carreira profissional na música, entram muitas questões para além da arte no processo: como o tamanho do público que tens, quantos números tens na internet, quantos bilhetes vendes, em que posição estás na hierarquia da música brasileira. Sinto que esta é uma pressão comercial, mercadológica, capitalista, que aflige não só a mim, mas todos os músicos, artistas e cantores que conheço. Considero que a minha geração é especialmente afetada por isto. Talvez seja mesmo uma questão geracional, porque temos uma relação muito próxima com as métricas devido à internet: lançamos um álbum e já estamos a ver, instantaneamente, a repercussão, o que as pessoas dizem no Twitter, quantas plays tem.
Antigamente, se calhar, isto estava um pouco mais distante, o artista estava mais protegido da receção. Então, sinto que estas questões de mercado atravessam muitos artistas contemporâneos e, por vezes, desviam o foco daquilo que realmente importa para um compositor ou cantor: a beleza da música, os temas a abordar, o discurso que queremos colocar naquele disco, naquele trabalho. Na verdade, esta é uma reflexão que já me acompanha há muito tempo, penso que desde a pandemia penso nisto. “As Palavras” é um álbum que já tem isso como tónica, de voltar também o meu olhar para questões mais políticas, sociais e culturais. Sinto que este disco é ainda um aprofundamento maior desse desejo de me libertar um pouco da vontade ou das preocupações de mercado e, simplesmente, fazer um álbum que considere bonito e verdadeiro.
Sem dúvida que o processo da cirurgia tornou tudo isto ainda mais urgente. Acho que reorganizei as minhas prioridades, percebi que a parte comercial está resolvida: tenho uma carreira, tenho um público, vivo do meu trabalho. O mais importante para mim agora é fazer a melhor arte que conseguir: se isso vai encher um Coliseu ou uma sala pequena, já não é uma variável tão determinante na minha vida. Já vivo do que amo, já pago as minhas contas, já consigo ter uma boa qualidade de vida. Isso já é um privilégio. O que quero da minha vida agora é fazer a melhor canção possível, ser o melhor compositor, o mais ousado, o mais criativo, o mais corajoso. Esta reflexão já é de muitos anos, e acho que passar por este processo tornou ainda mais claro que tipo de artista quero ser.
Achas que não tem havido muito espaço, pelo menos na indústria brasileira, para esta nova geração de artistas se poder separar mais dos números, das métricas, das plataformas e das redes sociais?
Há espaço. O problema é que o próprio artista fica preso e limita-se, acho. Não é que alguém esteja necessariamente a dizer: “Faz música a pensar nisso” ou “Preocupa-te com o tamanho do teu público”. Acho que é algo que acontece naturalmente, porque estamos sempre ligados, sempre a ver métricas do Spotify, do Instagram, do Twitter, a ver quantos seguidores temos. Acho que é uma lógica de competição e comparação que se impõe, não porque no Brasil sejamos obrigados a isso. Acho que é um reflexo da época em que vivemos.
“O humor tem a possibilidade profunda de desmontar a seriedade das convenções sociais que inventámos”
Pelo que percebi, as letras deste álbum surgiram-te de supetão após a cirurgia. Sentiste essa vontade ou necessidade de escrever depois do problema de saúde, talvez motivado por essa ideia de deixar algo com significado, ou fazer algo com mais sentido?
Não gosto muito de atribuir, totalmente, a motivação deste novo trabalho à cirurgia, porque penso que isso limita um pouco o sentido do álbum. Não é um disco sobre a cirurgia, nem sobre o coração. Tem muitos outros temas, e muitas coisas teriam surgido mesmo que isso não tivesse acontecido. Tenho, então, algum cuidado com isso. Mas é inevitável que ter passado por um processo de saúde tão intenso me tenha feito refletir sobre a vida de outra forma, e realmente me inspirou a querer dizer certas coisas. Os meses seguintes à cirurgia foram meses em que compus muito. Escrevi sem parar, não tanto letras, mas melodias e harmonias nos dois meses seguintes, com uma intensidade que talvez nunca tivesse tido na vida. Foi um período de grande inspiração. Acho que esse sentimento de ter sobrevivido, de estar aqui na Terra outra vez, veio com uma vontade enorme de viver e de criar. Sem dúvida que foi um momento de grande inspiração.

Que impacto o livro “Triste não é a palavra certa”, de Gabriel Abreu, teve em ti?
O livro é muito bonito. Fala da perda da mãe do Gabriel. Tem um impacto muito particular, porque também perdi o meu pai, então passei por um luto familiar que, de certa forma, se aproxima do luto que ele descreve no livro. Foi um livro difícil de ler, mas o impacto inicial que me inspirou foi totalmente sonoro, por causa do título do livro. Mesmo antes de ler, fiquei muito impactado com o nome, “Triste não é a palavra certa”, porque é um título que desperta estranheza e levanta muitas perguntas. Se triste não é a palavra certa, qual é então? Para quem está ele a dizer que não é a palavra certa? Fiquei muito intrigado com esse título e quis criar um título para o meu álbum que provocasse o mesmo tipo de questões e curiosidade. Estava à procura de uma frase que me despertasse um mecanismo semelhante de estranheza, curiosidade e graça.
“O mais importante para mim agora é fazer a melhor arte que conseguir: se isso vai encher um Coliseu ou uma sala pequena, já não é uma variável tão determinante na minha vida. Já vivo do que amo, já pago as minhas contas, já consigo ter uma boa qualidade de vida. Isso já é um privilégio.”
A ideia do título é interessante: ficamos com a sensação de que algo aconteceu, mas precisamos saber como lidar com a situação, ou então é a procura de respostas para lidar com aquilo que nos acontece no dia a dia.
Exatamente. Disseste duas leituras possíveis, mas para mim, o que queria transmitir era mesmo a ideia de haver infinitas leituras possíveis. Para mim, a beleza desse título é justamente o facto de abrir infinitas portas para interpretações. É uma frase que a minha própria analista, em várias sessões de psicanálise, já me colocou, porque aplica-se a imensas questões. Pode ser sobre coisas que já aconteceram e sobre as quais temos de decidir como reagir, ou pode ser sobre coisas permanentes. A palavra “isto” pode referir-se ao que tu quiseres: pode ser a vida, a morte, o teu almoço naquele dia, ou uma volta que deste ao quarteirão.
Esse tipo de mecanismo, que para mim está muito próximo da poesia, interessa-me muito, assim como o mecanismo do humor. O Gregório Duvivier e o Ricardo Araújo Pereira têm uma série de conversas em que falam muito sobre esta relação entre humor e poesia. Esse lugar interessa-me muito. Esta frase, para mim, opera um pouco nesse lugar. Embora não seja uma frase cómica, tem qualquer coisa de estranhamente engraçado e poético porque acho que tanto a poesia como o humor jogam muito com as diferentes possibilidades de olhar para a mesma coisa. O mecanismo do humor e da poesia está muito aí: há isto, mas também pode ser aquilo e, nessa pluralidade de sentidos, operam-se mecanismos na mente que são fascinantes. Acho que também há algo de brincadeira muito próprio da criança. Tudo isto está muito próximo, a brincadeira da poesia e a brincadeira do humor, e isso interessa-me imenso.
Focaste algo interessante: a ligação entre poesia e humor. Podem estar interligados? Há quem diga que o humor também pode ser uma forma de rirmos da miséria, concordas? É uma forma de rirmos daquilo que não sabemos explicar.
Sim. Sou muito fã do Ricardo Araújo Pereira, desse português maravilhoso. Ele diz algo como isto, que o humor serve para nos lembrar de como somos ridículos e adoro essa ideia. A frase não é exatamente essa, mas é algo parecido. O humor tem a possibilidade profunda de desmontar a seriedade das convenções sociais que inventámos, porque quase tudo é inventado socialmente e levamos tudo demasiado a sério – que sou isto ou aquilo, ou que tenho de me comportar de determinada maneira – mas o humor tem esta capacidade muito profunda de quebrar essa rigidez. Acho que isso é de uma imensa seriedade, o humor é uma coisa extremamente séria.
Basicamente, é uma forma de nos lembrarmos que não somos assim tão importantes ao ponto de nos preocuparmos tanto.
Exatamente. É um alívio.
Também anunciaste que tens orgulho de ter conseguido gravar a tua guitarra tal como a ouves na intimidade do teu quarto. Neste álbum e nestas composições, nota-se esse lado mais íntimo. Como é que isso vai ser traduzido nos concertos em Portugal? As salas também acabam por ser propícias a esse lado mais íntimo, certo?
Sem dúvida. Toda a digressão foi pensada para valorizar esse aspeto mais íntimo do álbum. Todos os concertos são em teatros, para um máximo de mil pessoas, que para mim é o tamanho ideal: entre 300 e 1000 pessoas, para poder falar com o público como se estivesse a falar com cada pessoa individualmente. Quando o concerto é muito grande, torna-se difícil manter essa ligação individual, porque parece transformar-se numa massa de gente. A magia dos concertos pequenos e intimistas é sentir que estou mesmo a falar com aquele público, a cantar para cada uma daquelas pessoas.
Tinha muitas saudades disto, porque o “Show das Palavras” era um espetáculo com uma banda de 13 pessoas em palco, para espaços enormes, festivais. Fiz o “Coala” e o “Coliseu” em Portugal e essa dimensão macro, tanto dentro como fora do palco, tornava muito difícil mostrar a minha intimidade, tanto a cantar como a falar. Já fiz dois concertos desta digressão e foi muito bom poder contar histórias, dizer besteiras, falar sobre coisas que me ocorrem no momento. Acho que este espetáculo, tal como o álbum, foi pensado como uma extensão do meu quarto, ou como uma forma de captar como me sinto a tocar em casa. Foi literalmente gravado neste quarto, que é um quarto da minha casa. A ideia é que o espetáculo também passe essa sensação. E, pelos primeiros concertos, acho que é isso que está a acontecer. Está mesmo a acontecer.
Mas esse lado mais intimista é curioso. Quando tocas uma música que pode ter muitos instrumentos, muitos arranjos, e depois tocas só com a guitarra, acaba por transmitir outro tipo de sentimento. Permite conhecer um outro lado da música? Gostas desse lado mais íntimo?
Gosto muito. Isso acontece especialmente com as músicas do álbum “As Palavras”: quando toco uma versão só voz e guitarra, elas ganham outra cara, às vezes, até, outro sentido. “As Palavras” é um disco muito produzido, com muitos elementos, e eu gosto mesmo muito de as tocar só com a guitarra, porque parece que vou ao essencial da canção. Para mim, esse é o grande encanto do espetáculo: voz e guitarra. Como não tem muitos adornos, a essência da canção aparece mais facilmente e isso interessa-me muito: valorizar a letra, as palavras, a melodia, sem outras distrações. O público está ali, vai ter de ouvir aquela nuance, aquela frase. Isso interessa-me porque acho que é a melhor forma do meu trabalho se apresentar.
Uma coisa que não perguntaste, mas é uma reflexão que faço: tenho a sensação de que o disco anterior não foi tão bem aceite em Portugal como foi no Brasil. “As Palavras” é um álbum com muitos arranjos, então, tenho a sensação de que, especialmente para Portugal, este é um novo trabalho que vai fazer muito sentido. Já sinto que está a ser muito bem recebido aí, e acho que este tipo de espetáculo, para o público português, que é muito atento à letra e à canção, vai fazer muito sentido.
Não é a primeira vez que há uma curta-metragem associada ao teu trabalho. Interessa-te essa possibilidade de associar diferentes áreas, neste caso o vídeo, a música e a história por trás?
Sim, interessa-me muito, desde o primeiro álbum. Licenciei-me em cinema, sou muito apaixonado por cinema e sempre gostei deste diálogo com a música. Acho que os dois trabalhos que tiveram mais destaque na minha vida foram por causa dos videoclipes, que são o “Quando Bate Aquela Saudade” e o “Partilhar”. São canções que se tornaram virais sobretudo pelas histórias visuais que foram criadas para elas. Por isso, é algo que me é muito querido e que pretendo desenvolver cada vez mais na minha carreira.
“A magia dos concertos pequenos e intimistas é sentir que estou mesmo a falar com aquele público, a cantar para cada uma daquelas pessoas.”
Queres falar um pouco da ideia por detrás desta curta-metragem para este álbum?
Não tive uma relação criativa directa com esta curta-metragem. Entreguei-a a uma realizadora de São Paulo, a Larissa Zaidan, uma realizadora extremamente talentosa, para que tivesse liberdade absoluta para escrever o guião e realizar como quisesse. A Larissa [Zaidan] fez uma interpretação muito bonita do sentimento do álbum. Não é uma tradução visual literal de nenhuma história específica das canções, mas ela traduziu o sentimento que teve ao ouvir o disco e imaginou uma cidade um pouco abandonada no interior do Brasil, acompanhando a vida de três núcleos de personagens diferentes. Acho que está muito bonito. O filme tem este sentimento de melancolia próximo do álbum, e também um certo mistério. Acho que é uma curta que transporta um pouco a alma do disco e acho que ela captou isso muito bem.
O que esperas dos concertos em Portugal?
Estou muito entusiasmado com os concertos. Espero voltar a reencontrar-me com o público português, que é tão importante para mim. Já estive muitas vezes em Portugal, já toquei em muitas cidades e fui sempre muito feliz. Como disse, sinto que o público português tem uma atenção especial à canção, à relação entre melodia e letra. Quando falo com as pessoas, falam sempre de detalhes muito específicos das letras, que o público brasileiro normalmente não valoriza tanto. Por isso, estou curioso para ver como o público português vai reagir a este álbum e tenho a sensação de que a reacção vai ser especialmente boa.
Para mim, este é o melhor álbum que já fiz. É o mais interessante, mais criativo em certos aspectos, e acho que vai ser muito bonito ver estas canções cantadas em português. Adoro ouvir as canções com os diferentes sotaques de cada lugar e pelas pessoas que as cantam. Ganha outra dimensão sonora com o sotaque português que eu adoro. Por isso, estou muito entusiasmado por poder olhar para as caras das pessoas nos teatros, poder falar com elas e cantar estas novas canções.
Tens formação em cinema. Gostarias de explorar mais esse lado?
É o meu sonho. Na verdade, tenho a ideia de fazer mais alguns álbuns e depois parar de fazer música durante um tempo, para me dedicar ao cinema. Não sei quantos álbuns ainda vou fazer até lá. Mas a minha ideia é mesmo construir uma carreira como argumentista e realizador também. Espero ter idade suficiente, talento suficiente e vida suficiente para isso. Gostava muito de escrever uma série ou criar uma longa-metragem. Esse é o meu sonho de infância, na verdade. É um sonho muito mais antigo do que ser músico. Quando tinha 15 anos, imaginava-me numa sala de argumentistas. Não gravava álbuns, escrevia filmes. Por isso, sou essencialmente um argumentista que se tornou músico, não acho que seja um músico que quer ser argumentista. Na minha cabeça, é o contrário. É verdade que a música ganhou destaque, mas continuo a querer dar voz, primeiro, a esse meu sonho.
“Sou essencialmente um argumentista que se tornou músico, não acho que seja um músico que quer ser argumentista.”
Lembro-me de ter visto uma espécie de documentário sobre educação no Brasil e tinha lá o teu nome. Vi uma parte desse documentário, um excerto. Queres falar um pouco sobre esse documentário?
Isto foi um documentário que fiz quando estava na universidade. Era uma curta-metragem documental sobre educação. Entrevistava alunos do último ano do secundário para perceber, a partir do ponto de vista deles e das suas histórias de vida, como era o sistema educativo brasileiro. É muito curioso porque este filme foi muito inspirado pelo Eduardo Coutinho, que é um grande documentarista brasileiro. Dois anos depois, ele lançou uma longa-metragem exactamente com a mesma ideia. Fiz isto sem saber que ele estava a fazer esse filme. Provavelmente estávamos a fazer ao mesmo tempo, mas o meu era uma curta e o dele era uma longa. Acho que foi o último filme que ele fez antes de morrer. Adoro esse filme, foi muito importante para mim. Há uma faixa do álbum “Casas”, chamada “Passagem”, onde samplei falas de três desses alunos a falarem sobre os seus sonhos de vida. Isso está no meu segundo álbum.
Isto é outro tema que me interessa muito, que é a educação. Talvez, depois de mais três álbuns, pare tudo com a música e vá fazer filmes, trabalhar com educação.
“Estamos sempre ligados, sempre a ver métricas do Spotify, do Instagram, do Twitter, a ver quantos seguidores temos. É uma lógica de competição e comparação que se impõe e isso é um reflexo da época em que vivemos.”
Para terminar, sentiste que evoluíste como artista neste álbum?
Acho que sim, acho que estou melhor. Não sei até quando, porque às vezes deixamos de melhorar e começamos a piorar, mas acho que ainda estou a evoluir como compositor, como cantor, como pessoa no mundo. Acho que este disco está mais próximo das coisas que amo. Adoro a música brasileira dos anos 70 – Caetano, Gil, Jorge Ben – esse universo sempre me pareceu impossível, para além dos meus limites. Não me considero um músico muito talentoso, considero-me razoavelmente limitado, por isso esse universo sonoro estava muito longe das minhas possibilidades, e acho que neste álbum acabei por ficar um pouco mais próximo das coisas que amo e das coisas que admiro.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/entrevista-rubel-a-minha-geracao-e-especialmente-afetada-pressao-comercial-mercadologica-e-capitalista/