
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira (17), mostra um cenário de fragmentação entre os eleitores da direita diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento revela que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro desponta como a principal opção entre os bolsonaristas para a eleição presidencial de 2026, à frente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Entre os eleitores que se declaram bolsonaristas, 33% defendem que Jair Bolsonaro apoie Michelle como sucessora política. Eduardo e Tarcísio aparecem empatados tecnicamente com 22% e 20%, respectivamente. Nesse segmento, a margem de erro é de seis pontos percentuais.
Já entre os eleitores que se identificam como de direita, mas não como bolsonaristas, o cenário muda: Tarcísio lidera com 33% das preferências, seguido por Michelle (22%) e Eduardo (9%). A margem de erro nesse grupo é de cinco pontos.
No total da amostra, que considera todos os entrevistados, Tarcísio aparece como principal nome da direita com 15%, seguido por Michelle (13%), Ratinho Junior (PSD-PR), com 9%, e Eduardo Bolsonaro e Pablo Marçal (PRTB), empatados com 8%. Outros nomes da direita, como Eduardo Leite (PSD-RS), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), variam entre 3% e 4%. Ainda assim, 19% dos entrevistados disseram que nenhum desses nomes deveria representar a direita, e 17% não souberam responder.
Bolsonaro deveria apoiar outro nome, dizem eleitores
Mesmo inelegível, Jair Bolsonaro continua a ser uma figura central na política brasileira. No entanto, 62% dos entrevistados afirmam que ele deveria abrir mão de se portar como candidato e apoiar outro nome. Apenas 28% acham que o ex-presidente deveria insistir na candidatura, mesmo sem poder concorrer. Na pesquisa anterior, de maio, esses índices eram 65% e 26%, respectivamente.
Crise interna e desgaste político
O racha entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, exposto durante a crise gerada pela sobretaxa de 50% imposta pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, parece ter afetado o desempenho de ambos. A medida americana foi interpretada como uma retaliação à atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele tem promovido campanhas de constrangimento ao Supremo Tribunal Federal e exigido anistia para o pai e aliados envolvidos em atos antidemocráticos.
Após o anúncio da tarifa, Tarcísio oscilou entre tentar preservar sua imagem como político moderado e, ao mesmo tempo, manter vínculo com o bolsonarismo. No entanto, ao adotar um discurso diplomático e buscar interlocução com a Embaixada dos EUA, enfrentou críticas diretas de Eduardo.
— É um desrespeito comigo — declarou o deputado, em entrevista à Folha no início da semana, criticando a tentativa de Tarcísio de negociar uma saída para o tarifaço.
Na quarta-feira (16), os dois políticos anunciaram publicamente uma trégua. A movimentação acontece em meio ao desgaste causado pelas trocas de farpas e ao impacto negativo do episódio na base bolsonarista.
Lula lidera no segundo turno em todos os cenários
A pesquisa também avaliou simulações de segundo turno. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece à frente em todas as disputas, embora com variações nas margens. Contra Tarcísio, há um empate técnico (41% a 37%). Contra Jair Bolsonaro, Lula marca 43% contra 37%. Frente a Michelle, a vantagem é de 43% a 36%. Ele também venceria Ratinho Junior (41% a 36%) e Eduardo Leite (41% a 36%). A maior vantagem é sobre Eduardo Bolsonaro: 43% a 33%.
Brasileiros rejeitam tarifas de Trump e aprovam resposta de Lula
A pesquisa foi realizada pouco depois do anúncio da tarifa de 50% sobre importações brasileiras feito por Donald Trump. Segundo os dados, 72% dos brasileiros consideram um erro do ex-presidente americano impor a medida ao Brasil em razão de Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, 53% afirmam que o presidente Lula está certo ao responder com reciprocidade à medida.
Metodologia
O levantamento foi realizado entre os dias 10 e 14 de julho e ouviu 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais, em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/pesquisa-quaest-rivais-no-tarifaco-tarcisio-e-eduardo-dividem-2a-colocacao-entre-bolsonaristas-para-2026-atras-de-michelle/