
Ozzy Osbourne, lenda do ‘heavy metal’ e vocalista do grupo Black Sabbath, morreu aos 76 anos “rodeado de amor”, anunciou hoje a família.
“É com uma tristeza que as palavras não conseguem expressar que informamos que o nosso querido Ozzy Osbourne morreu esta manhã. Estava com a família e rodeado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento”, indicaram, em comunicado
Ozzy, que no início do mês marcou presença num espetáculo de despedida da banda, tinha sido diagnosticado com a doença de Parkinson em 2019.
Como vocalista dos Black Sabbath, estava na vanguarda da cena ‘heavy metal’, um ramo mais profundo e sombrio do ‘hard rock’.
A presença em palco, incluindo uma vez em que mordeu a cabeça de um morcego num concerto, e o estilo de “príncipe das trevas” marcaram-no como uma figura controversa.
Ozzy Osbourne nasceu John Michael Osbourne, em Aston, Birmingham, em 1948, numa família operária. A pobreza e o abuso sexual por rapazes mais velhos marcaram a infância que definiu como terrível, numa entrevista ao Daily Mirror, em 2003. “Parecia não ter fim”, disse.
O ambiente industrial do operariado britânico nos anos 1950 viria a alimentar o ‘heavy metal’ do primeiro projeto de Osbourne, os Black Sabbath.
“Queríamos expressar o mundo da altura, não queríamos compor música pop alegre. Demos-lhes aquele toque industrial”, disse o baixista Geezer Butler, em 2017.
Batizados em homenagem a um filme de terror de Boris Karloff, os Black Sabbath contavam ainda com Tony Iommi, na guitarra, e Bill Ward, na bateria.
O primeiro álbum, homónimo, foi lançado em 1970, seguindo-se outros que acabariam por definir o ‘heavy metal’.
“Paranoid” (1970), que inclui temas como “Iron Man” e “War Pigs”, liderou as tabelas do Reino Unido, na época, enquanto “Master of Reality” (1971) continua a ser dado como influência do chamado ‘doom metal’.
Osbourne gravou mais cinco álbuns com os Black Sabbath, mas tornou-se tão dependente do álcool e das drogas que em 1979 teve de ceder o lugar a Ronnie James Dio.
O nome fundador acabou por regressar em 2013, para o álbum “13”, o 19.º do grupo, que liderou as tabelas nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Depois dos Black Sabbath, Osbourne fez uma carreira a solo, iniciada com o álbum “Blizzard of Ozz” (1980), cinco vezes disco de platina nos EUA.
Osbourne editou ainda mais 11 álbuns de estúdio, sendo o mais recente “Ordinary Man”, de 2020. O vídeo de promoção contou com colaborações de jovens músicos de rap como Post Malone e Travis Scott, e com a participação especial de Elton John.
Para trás ficavam êxitos ocasionais como “Bark at the Moon” (1983), “Perry Mason” (1995) e “Changes” (2003), um dueto com a sua filha Kelly, de 34 anos, nascida do casamento com Sharon Osbourne, a segunda mulher, determinante na gestão da carreira do músico, e na criação do Ozzfest, festival de metal fundado em 1996, uma das fontes da sua fortuna – a 17.ª na lista dos músicos mais ricos do Reino Unido, do jornal The Sunday Times, em 2018.
O sucesso do casamento, no entanto, também teve os seus baixos. Em 1989, o músico foi preso por tentar assassinar a mulher enquanto estava embriagado: “Acordei numa cela e pensei: ‘Que porra fiz agora?’”, contou numa entrevista de 2007. “Não consigo descrever o que senti”, assegurou.
O casal reconciliou-se e, com os filhos Kelly e Jack, manteve o ‘reality show’ The Osbournes de 2002 a 2005, um sucesso de audiências e prémio Emmy em 2002.
Em 2019, Osbourne realizou aquela que foi anunciada como a sua derradeira digressão mundial, “No More Tours 2”, embora a doença o tenha feito adiar as datas europeias. Em 2023, cancelou nova digressão pela Europa, admitindo estar “fisicamente fraco”.
A morte ocorreu menos de três semanas depois da sua despedida dos palcos.
No passado dia 05, Osbourne reuniu-se com os Black Sabbath, no derradeiro encontro, “Back to the Beginning”, para o qual os músicos prepararam um ‘set’ de cinco temas.
“Estou de cama há seis anos, não fazem ideia de como me sinto”, disse Ozzy Osbourne à plateia nessa noite, reconhecido pela presença dos espectadores. “Obrigado do fundo do coração”, afirmou.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/ozzy-osbourne-lenda-do-heavy-metal-e-vocalista-do-grupo-black-sabbath-morreu-aos-76-anos/