O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) mudou o discurso e tentou se dissociar do aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda, exibida na noite de segunda-feira (22). Ele afirmou que “sempre trabalhou por sanções individuais” contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas que a decisão pelo chamado tarifaço teria sido tomada unicamente pelo ex-presidente Donald Trump.
— Não era o meu desejo, tá? Sempre trabalhei para sanções individuais no Alexandre de Moraes, mas, né, o presidente Trump, dentre as alternativas dele, escolheu essa [tarifaço] — disse o parlamentar. — Depois, caso isso daí não surtisse efeito, seguir adiante em todas as demais autoridades que dão suporte para esse regime, porque ele não age sozinho.
Declarações anteriores apontavam o oposto
Apesar de negar envolvimento direto com as tarifas, Eduardo afirmou há apenas três semanas que a decisão de Trump foi resultado direto da articulação que ele e aliados vinham realizando nos Estados Unidos. Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado leu uma carta assinada por ele e pelo comentarista Paulo Figueiredo, na qual celebravam o impacto da campanha internacional contra autoridades brasileiras.
— Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do presidente Trump, sempre com o objetivo de apresentar com precisão e documentos a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente Donald Trump apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade — dizia o documento.
Contexto da tensão internacional
As novas tarifas foram interpretadas como uma retaliação política, ampliando a tensão diplomática entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, pré-candidato à presidência dos EUA. O aumento de impostos sobre produtos brasileiros foi anunciado semanas após Eduardo e outros nomes da oposição brasileira intensificarem contatos com republicanos nos Estados Unidos, levando denúncias contra o STF e alegações de supostos abusos de autoridade.
Internamente, a mudança de postura de Eduardo Bolsonaro ocorre em meio à repercussão negativa do tarifaço, que gerou críticas inclusive dentro da bancada ruralista, preocupada com os impactos à exportação de commodities.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/eduardo-bolsonaro-recua-e-nega-articulacao-por-tarifaco-de-trump-contra-o-brasil/
