24 de julho de 2025
PL enfrenta crise interna após apoio público a Trump e
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Um protesto protagonizado por deputados do PL na última terça-feira (22), com a exibição de uma bandeira em apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dentro do Congresso Nacional, gerou forte desconforto na bancada e agravou a crise interna no partido, informa Andréia Sadi em sua coluna no portal g1. O gesto, realizado em meio ao aumento da tensão diplomática causada pelas tarifas impostas por Trump ao Brasil, foi duramente criticado por setores mais pragmáticos da legenda, que buscam conter danos à imagem da direita no país e ao projeto eleitoral de 2026.

Segundo integrantes da própria bancada, o ato desviou o foco da crítica que se pretendia fazer à decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que suspendeu reuniões de comissões presididas por parlamentares do PL. A suspensão foi uma resposta à tentativa de uso das comissões para aprovar moções de apoio político a Jair Bolsonaro (PL).

“Desviar o foco da crítica institucional para uma demonstração pública de apoio a um presidente estrangeiro, especialmente em um momento delicado, é contraproducente”, avaliou, em caráter reservado, um parlamentar da ala moderada. Ainda segundo relatos, os deputados Sargento Fahur (PSD-PR) e Delegado Caveira (PL-PA), que participaram do ato, foram advertidos a portas fechadas por colegas, que sugeriram que manifestações desse tipo fossem feitas individualmente, sem envolver o grupo.

Isolamento de Eduardo Bolsonaro preocupa a cúpula do partido

O clima de insatisfação na cúpula do PL também envolve o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem causado desconforto com sua atuação nos Estados Unidos. Fontes do partido admitem que a direita atravessa um “mau momento” em parte devido à postura do parlamentar, descrito como “incontrolável” por uma das principais lideranças da sigla.

Segundo relatos internos, Eduardo tem se recusado a acatar orientações políticas, não apresenta alternativas concretas para o desgaste causado pelo tarifaço dos EUA e insiste na retórica de que não solicitou as sanções. Quando confrontado por colegas, afirma que sua intenção era acionar a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A Lei Magnitsky permite aos EUA impor sanções a indivíduos estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção em larga escala. No entanto, líderes do PL avaliam que a tentativa de vincular a iniciativa à situação política no Brasil acabou gerando um efeito colateral indesejado, com consequências econômicas e diplomáticas sérias.

Resistência a recuos e tensão com Tarcísio

Desde o início da crise, a direção do PL tenta conter o desgaste pedindo que Eduardo Bolsonaro adote duas medidas: interromper ataques ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL), e declarar de forma clara que não pediu o tarifaço imposto por Trump ao Brasil. O primeiro pedido foi atendido, segundo interlocutores, após intervenção direta do ex-presidente Jair Bolsonaro. O segundo, no entanto, ainda não foi cumprido de forma satisfatória na avaliação da bancada.

A principal preocupação agora é que Eduardo esteja disposto a intensificar o confronto com o Supremo Tribunal Federal, aprofundando a polarização e aumentando os riscos institucionais. Para integrantes da sigla, a escalada dessa disputa pode comprometer as articulações eleitorais da direita e isolar ainda mais o grupo bolsonarista dentro do cenário político.

Com as eleições de 2026 no horizonte e o impacto das decisões econômicas de Trump ainda sendo absorvido, o PL tenta reencontrar seu eixo político. Mas o desgaste interno, agravado por gestos simbólicos e ações isoladas, tem dificultado o esforço de reposicionamento.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pl-enfrenta-crise-interna-apos-apoio-publico-a-trump-e-isolamento-de-eduardo-bolsonaro/