
Uma criança com idade entre dois e quatro anos foi vítima do caso mais antigo já conhecido de canibalismo no mundo, segundo uma pesquisa do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (IPHES).
A equipe analisou uma vértebra cervical humana, datada de 850.000 anos atrás, que apresenta marcas de corte nítidas. Os restos mortais foram encontrados em julho no sítio de Gran Dolina (Serra de Atapuerca), na Espanha.
Segundo Dra. Palmira Saladié, codiretora da escavação, há evidências diretas de que a criança “foi processada como qualquer outra presa”
Caso pode envolver controle territorial
A descoberta reforça a hipótese de que a espécie Homo antecessor praticava canibalismo não apenas como fonte de alimento, mas também como forma de controle territorial, de acordo com a pesquisa.
Os ossos analisados apresentam marcas de descarnação e fraturas intencionais, seguindo padrões usados em ossos de animais consumidos por esses primeiros humanos. As técnicas são semelhantes àquelas identificadas no primeiro caso conhecido de canibalismo humano no mundo, há trinta anos, na mesma região.
“O que estamos documentando agora é a continuidade desse comportamento: o tratamento dos mortos não era excepcional, mas sim repetido”, explica a especialista, uma dos maiores especialistas em tafonomia e canibalismo pré-histórico.

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Ambiente hostil
Na mesma escavação, a equipe encontrou uma latrina de hiena com mais de 1.300 coprólitos (fezes fossilizadas), o que ajudou a reconstruir a dinâmica da caverna ocupada por carnívoros e humanos — sugerindo também que se tratava de um ambiente hostil, de disputa.
O sítio de Gran Dolina abrange 284.119 hectares e tem ajudado a contar a história dos primeiros seres humanos que viveram na Europa. A mesma região abriga painéis com gravuras de cenas de caça e figuras antropomórficas e zoomórficas.
Segundo a UNESCO, as linhas evolutivas dos ancestrais africanos da humanidade moderna estão amplamente documentadas nas jazidas que datam desde a Pré-história (Paleolítico, Neolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro) até a Idade Média e posteriores.

“A cada ano, descobrimos novas evidências que nos obrigam a repensar como eles viveram, como morreram e como os mortos eram tratados há quase um milhão de anos”, conclui Saladié.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/29/olha-isso/o-caso-mais-antigo-de-canibalismo-conhecido/