
A Polícia Federal (PF) informou que visitas de parentes e outros brasileiros ao apartamento onde Carla Zambelli estava escondida em Roma foram fundamentais para sua localização. A deputada federal foi detida na capital italiana no último fim de semana, após permanecer foragida por semanas. Ela estava em um imóvel no bairro de Aurélio, área residencial da cidade, e foi encontrada graças a uma ação coordenada entre a PF e autoridades italianas, com base em informações de inteligência.
Trata-se da terceira versão para a localização de Zambelli. Mais cedo deputado italiano revelou que foi ele a avisar a polícia italiana sobre o apartamento, contradizendo informação da embaixada brasileira em Roma, que também reivindica ter passado à polícia italiana o paradeiro da deputada.
Zambelli era alvo de um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e de uma difusão vermelha da Interpol — mecanismo internacional usado para localizar e prender foragidos. Segundo a PF, ela passou por outros endereços desde que deixou o Brasil, o que exigiu um esforço de monitoramento contínuo por parte dos agentes destacados na Europa.
Investigação internacional e prisão
Os dados obtidos pela PF foram repassados à Divisão de Capturas do Setor de Cooperação Internacional da polícia italiana, ligada ao Ministério do Interior e em parceria com a Interpol. Durante a abordagem, Zambelli não resistiu à prisão e demonstrou calma. Relatos de policiais italianos, compartilhados com os brasileiros, indicam que a parlamentar foi informada formalmente sobre o mandado internacional antes de realizar uma ligação para seu advogado.
No local, foram apreendidos documentos que poderão contribuir com as investigações em andamento no Brasil. Um infográfico divulgado pelo g1 detalha os passos da fuga de Zambelli até sua prisão na Itália.
Condenação e outros processos
Em 14 de maio, o Supremo Tribunal Federal condenou Carla Zambelli por unanimidade pelos crimes de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. Conforme a denúncia, ela orientou o hacker Walter Delgatti Neto a inserir documentos fraudulentos nos sistemas do CNJ, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Após a condenação, Zambelli cruzou a fronteira com a Argentina e embarcou para a Itália, país do qual possui cidadania. Em junho, teve seu nome incluído na lista de procurados da Interpol. A condenação foi posteriormente mantida pela 1ª Turma do STF.
Além do processo que culminou em sua prisão, a deputada é investigada em dois inquéritos sigilosos no Supremo. O primeiro, conhecido como “inquérito das fake news”, apura a disseminação de desinformação e ataques a ministros da Corte. O segundo, o inquérito das milícias digitais, investiga a articulação de movimentos antidemocráticos após as eleições presidenciais de 2022.
Desdobramentos
A expectativa agora é que o governo brasileiro formalize o pedido de extradição, já que a cidadania italiana de Zambelli pode dificultar o processo. As autoridades italianas ainda analisam a documentação enviada pela Justiça brasileira para avaliar os próximos passos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-outra-versao-sobre-prisao-pf-diz-que-visitas-ajudaram-a-localizar-zambelli-em-roma/