2 de agosto de 2025
O evento que dizimou milhões de aves marinhas
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Em 2014, um fenômeno sem precedentes quase dizimou uma espécie inteira de aves marinhas. Conhecido como “Blob” (ou Bolha, na tradução para o português), o evento climático consistiu em uma massa de água quente que matou 4 milhões de airos-comuns (Uria aalge) no Alasca.

Entenda:

  • Entre 2014 e 2016, uma massa de água quente conhecida como “Blob” (ou Bolha) dizimou milhões de aves marinhas;
  • O fenômeno se espalhou pelo Mar de Bering até o Golfo do Alasca, exterminando ecossistemas marinhos e impactando diretamente na cadeia alimentar de várias espécies;
  • Os airos-comuns (Uria aalge), por exemplo, começaram a morrer de fome e quase foram extintos;
  • As aves que não morriam ficavam fracas demais para se reproduzir, e suas colônias não conseguiram se recuperar até hoje.
Airo-comum, espécie de ave marinha, quase foi exterminada em fenômeno climático. (Imagem: Robin Corcoran/USFWS)

Em um estudo publicado na revista Science em dezembro de 2024, pesquisadores investigaram Blob e seus efeitos no norte do Oceano Pacífico. O fenômeno durou dois anos, até 2016 – e, a partir de 2015, colônias inteiras das aves marinhas começaram a morrer de fome.

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Fenômeno climático matou quatro milhões de aves marinhas

Fenômeno fez espécie de ave marinha morrer de fome. (Imagem: Brie Drummond/USFWS)

Em um comunicado (também de 2024), Brie Drummond, coautora do estudo, detalhou a investigação do desaparecimento dos airos-comuns. “A princípio, pensamos que as aves não tinham aparecido para procriar, mas voltariam no ano que vem. A equipe biológica [do Refúgio Nacional de Vida Selvagem Marítima do Alasca] teve que ajustar nossos protocolos devido à baixa frequência e à falha na reprodução. Quase nenhuma das aves havia posto ovos.”

O fenômeno foi, eventualmente, relacionado à Blob. A massa de água quente se espalhou pelo Mar de Bering até o Golfo do Alasca, e dizimou, ao longo de dois anos, ecossistemas e espécies marinhas, impactando diretamente na cadeia alimentar de vários animais – principalmente os airos.

As aves, quando não morriam de fome, se tornavam fracas demais para a reprodução, e a espécie ficou sob sério risco de ser totalmente dizimada da face da Terra. “Sabíamos imediatamente que se tratava de uma mortandade sem precedentes. Só não sabíamos o quão grande”, contou Heather Renner, também coautora do estudo.

Colônias de airos-comuns antes e depois de evento climático no Alasca. (Imagem: USFWS)

Como estão os airos-comuns atualmente?

Até 2023, sete anos após o fim da Blob, a recuperação das colônias de airos-comuns não chegava nem perto do esperado. As estimativas apontam que cerca de quatro milhões de aves da espécie – 50% da população do Alasca – morreram de fome por conta do fenômeno.

“Para colocar isso em perspectiva, a mortandade de airos-comuns foi aproximadamente 15 vezes maior do que o número de aves marinhas mortas durante o derramamento de óleo do Exxon Valdez, um desastre ambiental de proporções épicas”, completou Renner. “Esperávamos ver uma recuperação maior dos números populacionais anteriores agora.”

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/01/ciencia-e-espaco/o-evento-que-dizimou-milhoes-de-aves-marinhas/