2 de agosto de 2025
Reconhecimento facial não reduziu criminalidade em SP, diz estudo
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Com um investimento mensal de cerca de R$ 10 milhões, o programa Smart Sampa conta com mais de 30 mil câmeras de reconhecimento facial. Segundo a prefeitura de São Paulo, a tecnologia, que foi lançada em 2024, transformaria a segurança pública da cidade.

No entanto, um estudo do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) destaca que o sistema não reduziu os principais indicadores de criminalidade da capital paulista. Além disso, não foi verificado aumento da produtividade policial.

Diversas câmeras foram instaladas na cidade (Imagem: reprodução/Prefeitura de São Paulo)

Principais indicadores permaneceram estáveis

O trabalho concluiu que a taxa de furtos aumentou levemente após a implementação do Smart Sampa, mas sem significância estatística. Além disso, as taxas de homicídios e assaltos permaneceram estáveis, e não houve mudanças relevantes nas prisões em flagrante ou por mandado judicial.

Nosso estudo demonstra que as câmeras do programa Smart Sampa não se mostraram efetivas, porque, após mais de um ano de operação, não há qualquer evidência estatística de impacto na redução desses crimes, nem tampouco no aumento de prisões em flagrante ou por mandado judicial.

Thallita Lima, coordenadora de pesquisa do CESeC

Os pesquisadores ainda destacaram que todo o investimento feito na tecnologia poderia ser destinado a políticas com “comprovado impacto na redução da violência”. Eles citam o fortalecimento do policiamento comunitário, programas de prevenção em territórios vulnerabilizados, urbanismo social, políticas de juventude e iluminação pública.

Sistema foi lançado em 2024 e prometia revolucionar segurança da capital paulista (Imagem: EyeEm Mobile GmbH/iStock)

A prefeitura de São Paulo, por sua vez, contesta as conclusões e diz 2.965 criminosos foram presos em flagrante, 1.558 foragidos da Justiça capturados e 79 pessoas desaparecidas localizadas através do uso da tecnologia. Ainda afirma que o estudo utilizou “comparações inadequadas” e teve “falhas de metodologia”, como comparar a capital com cidades do interior do estado, que possuem realidade social, econômica e criminal diferentes.

O CESeC rebateu as alegações e observou que os números absolutos de prisões divulgados pelas autoridades refletem a continuidade da atuação policial, e não uma mudança causada pelo monitoramento facial. Ainda explicou que utilizou o método Diferença em Diferenças (DiD), técnica estatística comum na avaliação de políticas públicas, para comparar os índices criminais de São Paulo com os de outras cidades do estado que não implementaram o Smart Sampa.

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Sistema não reduziu índices de criminalidade, segundo estudo (Imagem: Jacob Wackerhausen/iStock)

Tecnologia também cometeu erros

  • Outro ponto destacado no estudo foram os erros de identificação cometidos pelo Smart Sampa nos primeiros meses de 2025.
  • Em um dos casos, um policial militar fardado foi confundido com um foragido.
  • Além disso, um jardineiro voluntário de uma UBS foi preso injustamente e uma mulher grávida teve parto prematuro após ser equivocadamente identificada pelo sistema.
  • Segundo a pesquisa, os erros ocorreram por falhas nos algoritmos de reconhecimento facial, que tendem a errar mais com pessoas negras, e por bancos de dados desatualizados, com mandados que já deveriam ter sido retirados do sistema.
  • As informações são do G1.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/01/seguranca/reconhecimento-facial-nao-reduziu-criminalidade-em-sp-diz-estudo/