
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) causou turbulência no campo bolsonarista ao divulgar um levantamento com os posicionamentos dos senadores sobre um possível impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa, que visava pressionar o Congresso, acabou revelando um cenário desfavorável: dos 81 senadores, apenas 34 se manifestaram favoráveis ao processo, 19 contrários e 28 seguem indefinidos.
A divulgação da lista causou constrangimento entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um dos principais pontos de incômodo foi o posicionamento classificado como “indefinido” de Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Partido Progressistas e ex-ministro da Casa Civil durante o governo Bolsonaro. Considerado um dos articuladores políticos mais influentes da base bolsonarista, Nogueira não quis comentar a situação, apesar da pressão crescente.
Aliado sob suspeita
A indefinição de Ciro Nogueira chamou atenção por sua trajetória política e pelas sinalizações ambíguas que fez ao longo dos anos. Embora tenha sido um dos principais defensores de Bolsonaro durante o mandato, Nogueira também já atuou ao lado do PT e mantém interlocução com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa postura pragmática, voltada ao centro político, o torna alvo de desconfiança dentro do núcleo mais radical da direita.
A reação foi imediata: parlamentares bolsonaristas consideraram a falta de posicionamento de Nogueira como uma traição. “Ele precisa escolher de que lado está”, afirmou um aliado de Nikolas sob condição de anonimato. A tensão evidencia o atual racha dentro da direita brasileira, especialmente após os recentes embates sobre o papel de Moraes nas investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Pressão sobre Moraes e desgaste entre bolsonaristas
A ofensiva de Nikolas se soma a uma estratégia mais ampla do bolsonarismo de desgastar Alexandre de Moraes. Recentemente, o ministro foi alvo de sanções dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky, que pune agentes públicos por corrupção e violações de direitos humanos. A medida foi celebrada por parte da oposição, que viu nela uma oportunidade de reforçar o discurso contra o STF.
No entanto, abrir um processo de impeachment contra um ministro do Supremo é tarefa politicamente complexa e, no momento, considerada improvável. Essa decisão cabe exclusivamente ao presidente do Senado, atualmente Davi Alcolumbre (União-AP), que não demonstra disposição para levar adiante qualquer iniciativa nesse sentido. Analistas políticos apontam que, sem uma maioria sólida, qualquer tentativa tende ao fracasso e pode ainda isolar os propositores.
O cenário só deve mudar com as eleições legislativas de 2026, quando uma eventual vitória da direita no Senado pode alterar a correlação de forças.
Enquanto isso, o embate dentro do bolsonarismo se intensifica. Nikolas Ferreira, um dos deputados mais populares nas redes sociais, chegou a ser criticado por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que cobrou mais empenho do colega na defesa do pai. O episódio escancara as divergências estratégicas entre os diferentes grupos da direita, divididos entre o pragmatismo político e o confronto institucional.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/nikolas-faz-placar-do-impeachment-de-moraes-e-expoe-falta-de-apoio-no-senado/