A ausência confirmada de Michelle Bolsonaro no protesto bolsonarista marcado para o próximo domingo (3) na Avenida Paulista gerou forte indignação entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes do PL (Partido Liberal). A manifestação, batizada de “Reaja Brasil”, tem como pauta central a defesa de uma anistia a Bolsonaro, o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o ex-presidente impedido de deixar Brasília por determinação do Supremo Tribunal Federal, a expectativa dos organizadores era de que Michelle assumisse o protagonismo do evento. Ela, no entanto, avisou que manterá sua agenda previamente marcada e viajará ao Pará para participar de um encontro do PL Mulher em Marabá. A programação se inicia no sábado (2), véspera da manifestação.
Fontes próximas a Jair Bolsonaro afirmam que ele insistiu para que a esposa participasse do ato, mas não conseguiu convencê-la. A recusa, vista inicialmente com surpresa, rapidamente evoluiu para frustração e revolta entre lideranças bolsonaristas.
“É um absurdo. Não dá para entender o que ela poderia ter de mais importante do que representar Bolsonaro, que está prestes a ser condenado injustamente”, reclamou um deputado federal do PL, sob condição de anonimato. Para ele, Michelle estaria se distanciando politicamente do marido “num momento crucial para a direita brasileira”.
Outros apoiadores sugerem que a decisão pode ser estratégica: diante da crescente pressão sobre Bolsonaro e da recente crise provocada pelas tarifas impostas ao Brasil pelo presidente norte-americano Donald Trump — o que desgastou ainda mais a imagem do bolsonarismo —, Michelle estaria tentando se preservar e construir uma imagem própria, mais distante das turbulências que cercam o ex-presidente.
Apesar de causar descontentamento, a ausência de Michelle não é totalmente inesperada. “Ela nem sempre esteve ao lado do Bolsonaro nos momentos de maior tensão política”, comentou um interlocutor envolvido na organização do ato. A avaliação é a de que a ex-primeira-dama prioriza eventos partidários institucionais e que, em certos contextos, evita manifestações de tom mais agressivo.
Outro desfalque de peso será o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também considerado uma figura-chave no bolsonarismo. Ele alegou compromissos médicos para não comparecer à manifestação, aumentando o clima de desânimo entre os organizadores.
A manifestação deste domingo pretende reunir multidões na Avenida Paulista, mas, com a ausência das principais lideranças, enfrenta o risco de esvaziamento simbólico. A tensão nos bastidores do PL revela não apenas divisões estratégicas dentro do campo bolsonarista, mas também incertezas sobre quem poderá liderar a direita brasileira em um futuro pós-Bolsonaro.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/michelle-bolsonaro-se-recusa-a-ir-a-protesto-na-paulista-e-irrita-aliados-de-bolsonaro/
