
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “ótima” a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito das novas tarifas impostas a produtos brasileiros. A resposta de Trump, dada a uma repórter da TV Globo nesta quinta-feira (1), veio após questionamento sobre as medidas protecionistas de seu governo. O republicano afirmou que “Lula pode ligar para ele quando quiser”.
Ao comentar o assunto, Haddad afirmou que a recíproca é verdadeira: “Acho ótimo, e tenho certeza de que a recíproca é verdadeira. Conforme já disse antes, é muito importante a gente preparar essa conversa”, declarou o ministro ao deixar o Ministério da Fazenda, em Brasília.
Apesar do tom conciliador, Trump também criticou, de forma genérica, a condução do governo brasileiro em temas econômicos, afirmando que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”. Ainda assim, ponderou: “Amo o povo do Brasil” e preferiu não antecipar decisões sobre possíveis revisões tarifárias. “Vamos ver o que acontece”, disse.
Reunião com o Tesouro dos EUA está nos planos
Fernando Haddad confirmou que deve se reunir na próxima semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Ainda sem data definida, o encontro visa discutir as consequências econômicas das tarifas de 50% impostas sobre uma série de produtos brasileiros — medida que, segundo especialistas, pode impactar especialmente os setores de aço, alumínio e alimentos processados.
“Entendemos que relações comerciais não devem ser afetadas por política. Estamos trabalhando para reestabelecer a mesa de negociação, talvez com uma reunião presencial”, afirmou Haddad. A iniciativa reforça o esforço do governo brasileiro em manter canais diplomáticos e comerciais abertos, mesmo em um contexto de tensões políticas.
Brasil busca preservar estabilidade nas exportações
O aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos tem gerado preocupação no setor exportador brasileiro, especialmente diante da dependência de alguns segmentos do mercado norte-americano. A sinalização de Trump em favor de um possível diálogo com Lula, portanto, foi recebida como uma abertura diplomática importante, ainda que envolta em críticas e incertezas.
A atitude de Haddad, ao apostar na separação entre comércio e política, segue a linha de outras iniciativas recentes da diplomacia econômica brasileira, que busca evitar confrontos diretos e priorizar a negociação técnica.
Em meio a um cenário internacional instável e polarizado, a disposição do governo brasileiro em buscar interlocução direta com a Casa Branca — mesmo com o tom agressivo de Trump — pode ser crucial para minimizar danos econômicos e preservar a previsibilidade para o setor produtivo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/haddad-considera-otima-fala-de-trump-sobre-dialogo-com-lula-e-diz-que-reciprocidade-e-certa/