5 de agosto de 2025
Haddad busca despolitizar crise e deve conversar com secretário do
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Em entrevista à BandNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que o Brasil pode propor um acordo de cooperação com os Estados Unidos envolvendo minerais críticos e terras raras como parte das conversas em torno do “tarifaço” americano, previsto para entrar em vigor nesta quarta-feira.

A estratégia mineral nas negociações

Haddad destacou que os minerais críticos e as terras raras — essenciais para a produção de baterias elétricas e para o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial — podem ser o foco de uma proposta de cooperação bilateral. “Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais, podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, afirmou o ministro.

Do lado brasileiro, quem lidera as negociações é o vice‑presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Segundo Haddad, o plano já está “pronto” e inclui ofertas como crédito em condições especiais e compras governamentais por parte dos EUA.

Possíveis novas exceções ao tarifaço

Além do acordo mineral, o Brasil espera que outros setores — além dos mais de 700 já excluídos da lista inicial do decreto de Trump, como suco de laranja e aviação civil — sejam contemplados até o dia 6 de agosto. Haddad ressaltou que o prazo não é uma condição rígida: “Não trabalhamos com data fatídica, não vamos sair da mesa de negociação, até que possamos vislumbrar um acordo, que precisa de interesses em comum.”

O ministro foi enfático ao afirmar que não aceitará os termos atuais propostos pelos EUA: “O Brasil, evidentemente, não vai fazer um acordo, porque não tem o menor sentido na taxação que está sendo imposta ao país.”

Contexto político e impacto econômico

A imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos vai além de questões comerciais. Segundo auxiliares da Presidência da República, fatores políticos, como o julgamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), também estariam influenciando a decisão americana.

Com a medida programada para entrar em vigor ainda esta semana, o governo enfrenta uma rodada decisiva de negociações. Em paralelo, prepara um pacote de socorro emergencial para mitigar os impactos da taxação às exportações brasileiras.

O que está em jogo

O possível acordo sobre minerais críticos e terras raras representa uma mudança estratégica: o Brasil poderia oferecer ao mercado americano matéria‑prima essencial para setores de alta tecnologia, em troca de flexibilizações no tarifaço. Essa articulação também reforça a barganha diplomática do país numa mesa pressionada por ênfases políticas.

Enquanto isso, a expectativa de novas exclusões ainda paira sobre a pauta. Haddad mantém firme a disposição de negociação, mas faz questão de destacar que nenhum acordo será aceito se não houver reciprocidade e parâmetros comerciais que façam sentido para o Brasil.

Conclusão

A combinação entre diplomacia mineral e possíveis exceções adicionais ao tarifaço mostra a tentativa do governo federal de equilibrar pressão externa com construção de acordos estratégicos — buscando preservar setores-chave da economia nacional diante das barreiras anunciadas por Washington.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/brasil-pode-usar-acordo-sobre-minerais-raros-com-eua-para-tentar-barrar-tarifaco/