A mais recente pesquisa do instituto Datafolha revelou um salto significativo no pessimismo dos brasileiros em relação à economia do país. Realizado nos dias 29 e 30 de julho, o levantamento ocorreu logo após o anúncio oficial do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil, que impôs uma sobretaxa de 50% sobre diversos produtos nacionais, com início previsto para 6 de agosto.
Como reflexo direto, 45% dos entrevistados disseram acreditar que a situação econômica brasileira irá piorar nos próximos meses — um aumento expressivo em relação aos 33% registrados em junho. Esse é o segundo pior índice da série histórica iniciada em 2019, ficando atrás apenas de março de 2021, no auge da segunda onda da pandemia de Covid-19, quando 65% compartilhavam do mesmo sentimento.
Entre os que têm conhecimento das novas tarifas anunciadas pelo governo de Donald Trump, o pessimismo sobe para 50%. Já entre os que não estão informados sobre o assunto, apenas 25% compartilham dessa expectativa negativa. Segundo o Datafolha, apenas 18% dos entrevistados desconhecem o tarifaço.
Pessimismo se intensifica entre os mais escolarizados e os mais ricos
A pesquisa mostra que o aumento da preocupação está diretamente ligado ao grau de escolaridade e à renda. Entre os entrevistados com ensino superior, 54% acreditam que a economia vai piorar — número que cai para 49% entre os que têm ensino médio e para 34% entre os que cursaram apenas o fundamental.
A percepção de deterioração futura também aumenta entre os que recebem mais: 38% dos que ganham até dois salários mínimos compartilham dessa visão, enquanto entre os que têm renda superior a dez salários mínimos o número salta para 58%.
Grupos como empresários (70%), trabalhadores com carteira assinada (52%), moradores do Sul (53%) e Sudeste (51%), além de evangélicos (55%), estão entre os mais pessimistas. Já entre os autodeclarados bolsonaristas, o índice chega a 71%.
Avaliação da economia atual e situação pessoal também pioram
Além das expectativas negativas sobre o futuro, a percepção da situação econômica atual também se deteriorou. Para 51% dos brasileiros, a economia já piorou nos últimos meses — aumento em relação aos 47% de junho e aos 35% registrados no início do governo Lula (PT).
Quanto à situação econômica pessoal, 22% afirmam que ela deve piorar — maior índice desde março de 2021 (38%). Em junho, esse percentual era de 14%. A visão de melhora caiu de 53% para 45%, enquanto 31% acreditam que nada mudará.
A percepção de que a própria condição financeira já piorou atinge 37% — patamar semelhante ao do governo Bolsonaro em setembro de 2022 (39%). Em comparação, esse número era de 33% em junho e apenas 24% em julho do ano passado. Entre empresários, o pessimismo pessoal atinge 56%.
Impacto do tarifaço na economia preocupa maioria da população
Segundo o Datafolha, 89% dos entrevistados acreditam que as sanções dos EUA terão um efeito negativo na economia nacional, enquanto 77% esperam impactos diretos em suas finanças pessoais.
O Brasil foi o país mais duramente atingido pelas tarifas anunciadas por Trump, que têm sido interpretadas também como forma de pressão política, já que o líder americano defendeu publicamente a suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Justiça brasileira.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/datafolha-temor-com-futuro-da-economia-cresce-apos-sancoes-impostas-pelos-eua/
