
Na véspera da entrada em vigor do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, o governo brasileiro tenta, por meio da diplomacia, evitar prejuízos às exportações nacionais. Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável — o “Conselhão” — nesta terça-feira (5), representantes do setor produtivo e membros do governo reafirmaram a importância do diálogo, mas cobraram respostas concretas.
Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi direto: “Estamos à véspera, as coisas mudam tão rápido que talvez nem seja véspera, de entrada em vigor de um tarifaço contra o Brasil. O que fazer diante de uma agressão injusta de uma potência que aprendemos a admirar?”, questionou.
Quase 36% das exportações brasileiras estão sob ameaça de sobretaxa de 50%, conforme prometido por Donald Trump no início de julho. A medida, originalmente prevista para o dia 1º de agosto, foi adiada para o dia 6, após exclusão de cerca de 700 produtos da lista tarifária — um gesto atribuído às negociações diplomáticas em andamento.
Lula descarta contato direto com Trump
Apesar de Donald Trump ter afirmado, na última sexta-feira (1º), que está “aberto ao diálogo” com Lula, o presidente brasileiro disse não pretender fazer contato direto. “Eu não vou ligar para o Trump para comercializar não, porque ele não quer falar. Mas pode ficar certa, Marina, eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP, que eu quero saber o que ele pensa na questão climática”, disse Lula, durante o evento no Planalto.
Enquanto isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin segue articulando com os setores afetados. “A orientação do presidente Lula tem sido negociação, diálogo. Nós vamos trabalhar para reverter esse processo e, além disso, apoiar as empresas, apoiar o emprego e apoiar o setor produtivo e abrir mercado”, declarou.
Expectativa por plano emergencial de apoio às empresas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que pretende se reunir com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, ainda nesta semana. Segundo ele, o encontro será importante para discutir a decisão unilateral dos EUA e “pavimentar o caminho, eventualmente, de um encontro” entre os presidentes, “se for da conveniência de ambos”.
Por ora, a reunião com o secretário norte-americano ainda não tem data definida. De acordo com o Itamaraty, o adiamento do tarifaço e a exclusão parcial de produtos já são frutos dessas tratativas.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, informou que o governo brasileiro prepara um plano de contingência, semelhante ao modelo adotado durante a pandemia de Covid-19, para proteger os setores mais atingidos. “Uma série de medidas estão nesse cardápio. Cada setor vai ter um determinado tipo de benefício, a depender do quanto e como ele foi atingido”, afirmou.
O governo brasileiro ainda espera que os EUA recuem da medida, ou ao menos reduzam seu impacto. Tebet encerrou com tom de expectativa: “Vai que tem prorrogação de 90 dias, ou redução de 50 para 30… Vamos aguardar”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-rejeita-contato-direto-com-trump-as-vesperas-do-tarifaco-e-deixa-recado-so-ligara-para-convida-lo-a-cop-30/