11 de agosto de 2025
89% dos brasileiros temem impacto negativo do tarifaço de Trump
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Mesmo com as isenções parciais concedidas por Washington, o tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor nesta quarta-feira (6/8), deve provocar um baque profundo na economia nacional. De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o impacto pode chegar a R$ 25,8 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no curto prazo — e alcançar R$ 110 bilhões ao longo dos próximos anos.

Os dados, divulgados na terça-feira (5/8), indicam ainda efeitos diretos sobre o mercado de trabalho e o poder de compra das famílias. A federação projeta a eliminação de cerca de 146 mil postos de trabalho, entre formais e informais, além de uma queda de R$ 2,74 bilhões na renda das famílias em até dois anos.

Indústria e agropecuária na linha de frente

Os setores industriais mais atingidos pelo tarifaço, segundo a Fiemg, incluem siderurgia, fabricação de calçados, produtos de madeira e máquinas e equipamentos mecânicos. Parte significativa desses segmentos depende das exportações para os EUA, o que os torna especialmente vulneráveis à nova barreira comercial.

Na agropecuária, o maior impacto recai sobre a pecuária, em especial a cadeia da carne bovina, que segue fora da lista de produtos isentos da taxação. A exclusão preocupa exportadores e autoridades do setor, já que a carne bovina é um dos pilares da pauta exportadora brasileira.

Exportações sob pressão

Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente US$ 40,4 bilhões para os Estados Unidos — o equivalente a cerca de 1,8% do PIB nacional. Desse total, metade está concentrada em combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos — setores diretamente afetados pelas novas tarifas.

Os produtos brasileiros que permaneceram sujeitos à sobretaxa representam cerca de 55% das exportações ao mercado estadunidense, um montante estimado em US$ 22 bilhões. Entre os itens mais atingidos estão o café, a carne bovina, produtos semimanufaturados de ferro e aço e produtos manufaturados em geral.

Efeitos no país e reação do setor

O estudo da Fiemg reforça a percepção de que a decisão dos EUA tem potencial para desorganizar cadeias produtivas, reduzir a competitividade da indústria nacional e enfraquecer o setor exportador. Diante disso, cresce a pressão para que o governo federal avance em negociações com Washington, recorra a mecanismos multilaterais de contestação e acelere a diversificação dos destinos comerciais do Brasil.

A estimativa da federação mineira também acende um alerta para a necessidade de ações rápidas e coordenadas entre governo e setor produtivo, tanto para reduzir os danos imediatos quanto para evitar uma perda de mercado irreversível em setores estratégicos.

Embora o impacto ainda esteja sendo mapeado em detalhes, a sinalização é clara: o tarifaço já começou a gerar efeitos concretos na economia, e a conta tende a crescer se não houver reação firme e eficaz.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifa-dos-eua-pode-tirar-ate-r-110-bilhoes-da-economia-brasileira-aponta-fiemg/