Gazeta do Leste - O Jornal que virou Portal.

Compartilhe:

Pelo segundo dia seguido, parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados continuam a obstruir os trabalhos legislativos em protesto contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento também exige a anistia dos investigados pelos atos de 8 de janeiro. Deputados de partidos da direita seguem ocupando a Mesa Diretora da Casa e, segundo o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), não há intenção de encerrar a mobilização.

Em entrevista ao Correio na manhã desta quarta-feira (6), Sóstenes afirmou que os oposicionistas não participarão da reunião de líderes marcada para as 16h pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na residência oficial. Segundo ele, até o momento, não houve qualquer iniciativa da presidência da Casa para dialogar diretamente com os deputados da oposição.

“Não temos previsão de sair do plenário. Também não iremos à reunião de líderes. Nem sequer houve uma conversa com o presidente Hugo Motta”, declarou.

Ocupação simbólica trava votações e intensifica impasse institucional

Desde a tarde de terça-feira (5), os deputados oposicionistas se revezam na ocupação da Mesa Diretora, utilizando esparadrapos sobre a boca como gesto simbólico contra o que consideram atos de censura e autoritarismo do STF. A ação impede a realização de sessões deliberativas, travando as votações e paralisando a pauta da Câmara.

A reunião de líderes desta quarta-feira foi convocada como uma tentativa de retomar o diálogo e normalizar o funcionamento do Legislativo. No entanto, sem a adesão das principais bancadas de oposição, a articulação corre o risco de não avançar.

Parlamentares da base aliada ao governo criticaram a estratégia adotada pela oposição, classificando-a como um “golpe parlamentar” e uma ameaça à democracia. Para eles, a ocupação simboliza uma tentativa de minar o funcionamento institucional da Câmara.

Crise entre Legislativo e Judiciário se agrava

O cenário atual reflete um acirramento da crise entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, que ganhou força nos últimos meses. A tensão se intensificou especialmente após decisões do STF contra parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a aprovação do projeto de lei das “fake news”, que dividiu o Legislativo.

A mobilização da oposição nesta semana, portanto, é vista não apenas como um protesto pontual, mas como parte de uma disputa política mais ampla que envolve temas sensíveis como liberdade de expressão, atuação do Judiciário e responsabilização pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.