
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) visitou nesta quarta-feira (6) o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em sua residência na capital federal, onde cumpre prisão domiciliar desde a última segunda-feira. A visita foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que dispensou a necessidade de autorização judicial prévia para a entrada de filhos e do neto do ex-mandatário.
Antes do encontro, Flávio fez duras críticas à conduta do magistrado. Segundo ele, a liberação da visita não representa um gesto de boa vontade, mas uma correção de uma postura considerada “exagerada”.
— Ele não fez favor nenhum, no meu ponto de vista. Sabia que estava pegando mal para ele, inclusive. Ultrapassou uma linha ética e moral ao avançar sobre a família de alguém que ele está investigando e quer condenar — afirmou o senador, em referência a Moraes.
Na terça-feira (5), Jair Bolsonaro já havia recebido advogados e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A expectativa de aliados é de que, nos próximos dias, a casa do ex-presidente se torne uma espécie de QG bolsonarista, com intensa movimentação de parlamentares e apoiadores.
Pressão no Congresso
Enquanto isso, o clima no Congresso Nacional segue tenso. Parlamentares da oposição iniciaram uma obstrução física dos plenários da Câmara e do Senado, exigindo a inclusão de três temas na pauta legislativa:
- Anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro,
- Fim do foro privilegiado, e
- Impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Os presidentes das duas casas legislativas, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), marcaram reunião para esta quarta-feira à tarde. No entanto, avaliadores políticos próximos aos líderes consideram que não há clima institucional ou apoio suficiente para avançar com nenhuma dessas propostas neste momento.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi determinada após o avanço das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo militares, ex-ministros e aliados do ex-presidente. Moraes, relator do caso no STF, autorizou a detenção por entender que Bolsonaro estaria tentando interferir nas investigações e ameaçando o andamento do processo.
A movimentação de aliados e as declarações públicas de familiares reforçam o tom político da reação do bolsonarismo, que tenta mobilizar sua base em torno da figura do ex-presidente e aumentar a pressão sobre o Judiciário.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-visita-ao-pai-flavio-bolsonaro-ataca-moraes-ultrapassou-linha-etica/