7 de agosto de 2025
Ar respirado pelos dinossauros é recriado em laboratório
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Pesquisadores estudaram fósseis para entender como era o ar respirado pelos dinossauros há mais de 150 milhões de anos. O grupo analisou isótopos de oxigênio para estimar os níveis de gás carbônico na atmosfera e compreender melhor o clima pré-histórico, possivelmente marcado por uma atividade vulcânica intensa. 

A equipe partiu do fato de que o ambiente deixa marcas químicas nos seres vivos, principalmente nos ossos e dentes. Ao se analisar as variações dos elementos presentes na natureza, conhecidas como isótopos, é possível indicar as mudanças ecológicas e climáticas que ocorreram durante a vida de um organismo.

Esmalte do dente revelou pistas sobre o passado da Terra

O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) neste mês. Nele, os pesquisadores analisam o oxigênio-17, um isótopo raro presente em uma pequena fração das moléculas de dióxido de oxigênio, o gás essencial na respiração dos seres vivos.

Segundo a equipe, os vertebrados incorporam parte desse isótopo em sua reserva de água corporal, e uma pequena fração é utilizada na formação do esmalte dos dentes, onde pode permanecer preservado por milhões de anos, servindo como um valioso registro do ambiente e do clima do passado.

Um dente fossilizado de tiranossauro da coleção do Museu Royal Tyrrell, no Canadá. (Imagem: Thomas Tütken)

Esse método foi testado em uma pesquisa de 2024 a partir da análise dos dentes de animais atualmente vivos. O estudo demonstrou que os níveis de isótopos de oxigênio contidos em dentições são uma representação precisa da quantidade de CO₂ na atmosfera.

Para os dinossauros, o grupo analisou o pó de esmalte retirado de espécimes das coleções de oito museus em diversos países da Europa e da América do Norte, como o Museu de História Natural de Berlim, na Alemanha, e o Museu Royal Tyrrell, no Canadá. 

Mandíbula de megalossauro, o primeiro dinossauro descoebrto (Crédito: Museu de Historia Natural)
Mandíbula de megalossauro, o primeiro dinossauro descoberto (Imagem: Museu de Historia Natural)


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Vida dos dinossauros pode ter sido marcada por grandes erupções

Os resultados revelaram que, durante a Era Mesozoica (251 a 66 milhões de anos atrás), as taxas de CO₂ foram altas, uma conclusão coerente com pesquisas anteriores. Foi possível estimar os níveis para dois dos três períodos dessa era:

  • No final do Jurássico (201 a 145 milhões de anos atrás), os níveis de CO₂ eram cerca de 1200 partes por milhão, ou seja, a cada um milhão de moléculas de ar, 1200 eram de dióxido de carbono.
  • Durante o fim do Cretáceo (145 a 66 milhões de anos atrás), a concentração de CO₂ era de 750 partes por milhão.
  • Em comparação, a atmosfera da Terra atualmente tem cerca de 430 partes por milhão de dióxido de carbono, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).

O estudo sugere que essas taxas elevadas de CO₂ no Mesozoico foram impulsionadas provavelmente por uma atividade vulcânica intensa. Em especial, os dentes de um saurópode e de um tiranossauro apresentaram isótopos triplos de oxigênio, o que pode indicar picos de vulcanismo durante a época em que esses dinossauros viveram, segundo os autores.

Uma série de erupções vulcânicas gigantescas provocou a chamada “Grande Morte”. (Imagem: Gerador de imagens IA do Shutterstock)

Agora, os pesquisadores planejam analisar fósseis do evento conhecido como Grande Morte, uma extinção em massa ocorrida há 250 milhões de anos. Esse período tem sido associado com uma atividade vulcânica extrema que possivelmente envolveu o planeta em um manto vulcânico por milhões de anos.

Ao estimar as taxas de CO₂ desse acontecimento, o grupo espera expandir o conhecimento sobre um dos principais eventos da história natural da Terra. A análise poderá revelar como as concentrações de gases de efeito estufa evoluíram durante a Grande Morte e quais foram seus impactos sobre o clima, os oceanos e a biodiversidade ao redor do globo.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/06/ciencia-e-espaco/ar-respirado-pelos-dinossauros-e-recriado-em-laboratorio/