Bolsonaristas aumentam radicalização e ocupam auditório da Câmara para travar votações – Agenda do Poder

Deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro ampliaram, nesta quarta-feira (6), sua estratégia de obstrução ao ocuparem o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. A ocupação ocorreu por volta das 14h, como mais uma tentativa da oposição de impedir a continuidade dos trabalhos legislativos após a prisão do ex-mandatário, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento ocorre um dia após parlamentares bolsonaristas passarem a madrugada em vigília nos dois plenários principais do Congresso. Com o novo ato, o grupo tenta evitar que o auditório — tradicionalmente reservado a audiências públicas e cerimônias — seja utilizado como alternativa para realização de votações, em meio às restrições impostas pela Mesa Diretora desde a noite de terça-feira.

Governistas acusam oposição de “atitude contra a democracia”

Nos bastidores, líderes governistas criticaram duramente a ocupação, classificando-a como tentativa de transformar o Parlamento em palco de guerra política. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) declarou:

— Uma atitude contra a democracia e o parlamento. A presença e a atividade parlamentar é de uso da palavra. Tentar impedir o uso da palavra é uma atitude autoritária que não pode ser aceita de forma alguma pela população brasileira.

“Não vamos parar”, diz senador da oposição

Já os parlamentares da oposição defendem a mobilização como legítima. Para eles, trata-se de uma resposta àquilo que consideram perseguição judicial contra Bolsonaro. Além de protestarem contra a prisão, eles têm pressionado pela aprovação de uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, pelo fim do foro privilegiado e pelo impeachment de Moraes.

— Já estamos fazendo a escala do final de semana. Não vamos parar — afirmou o senador Carlos Portinho (PL-RJ), indicando que os atos deverão se intensificar nos próximos dias.

A escalada das ações bolsonaristas coloca pressão sobre a presidência da Câmara, que busca alternativas para manter o funcionamento da Casa em meio à crise. Enquanto isso, o clima de tensão entre oposição e base governista cresce, com a perspectiva de novas disputas no plenário nos próximos dias.