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A polarização entre os campos políticos liderados por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) voltou a se acirrar, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha divulgada pela Folha de S.Paulo. O levantamento revela que 76% dos brasileiros se identificam com um dos dois polos: 39% como petistas e 37% como bolsonaristas — um empate técnico dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Apenas 6% dos entrevistados disseram não apoiar nenhum dos dois, enquanto 18% se declararam neutros.
A pesquisa foi realizada nos dias 29 e 30 de julho com 2.004 entrevistas presenciais em 130 municípios. Embora os números não tenham captado a repercussão da prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, refletem um ambiente político já contaminado por episódios recentes, como a imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente e as sanções diplomáticas impostas pelos Estados Unidos a membros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Polarização cresce e reduz espaço para a neutralidade
O avanço da polarização pode ser medido pela queda no número de entrevistados que se declararam neutros ou sem preferência. Em junho, a soma de petistas e bolsonaristas era de 70%, enquanto os neutros representavam 20% e os que não apoiavam nenhum dos dois, 7%. Agora, a fatia neutra caiu para 18% e os que se dizem avessos a ambos recuaram para 5%.
Desde dezembro de 2022, o Datafolha utiliza uma escala de 1 a 5 para medir o grau de identificação política dos brasileiros: notas 1 e 2 classificam o entrevistado como bolsonarista; 4 e 5, como petista; nota 3 representa a neutralidade. A maior diferença pró-Lula ocorreu em março de 2023 e março de 2024, quando os petistas superaram os bolsonaristas por 10 pontos percentuais.
Crises institucionais e cenário eleitoral elevam tensão
A pesquisa foi divulgada em meio a um momento delicado para os dois principais personagens da política nacional. Lula enfrenta dificuldades no Congresso e viu sua aprovação estagnar em 29%, com 40% de reprovação, pressionado por escândalos como o do INSS e críticas à articulação política do governo.
Já Bolsonaro, réu no STF por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, é acusado de cinco crimes, incluindo organização criminosa armada e deterioração de patrimônio público. A recente decretação de prisão domiciliar decorre do descumprimento de medidas cautelares, entre elas a proibição de uso de redes sociais.
Segundo investigações, ele teria incentivado o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a atuar junto ao governo dos Estados Unidos para pressionar o Brasil com sanções internacionais.
Medidas dos EUA contra Moraes
Em resposta, o presidente americano Donald Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e revogou os vistos de oito ministros do STF. Moraes, relator do caso Bolsonaro, foi um dos atingidos, sendo incluído na Lei Magnitsky — legislação americana que pune indivíduos acusados de violar direitos humanos.
A base bolsonarista, por sua vez, reagiu com manifestações intensas nas redes e no Congresso, defendendo uma anistia ampla aos envolvidos na trama golpista de 8 de janeiro de 2023 e renovando os ataques ao Supremo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/polarizacao-avanca-no-pais-39-dizem-ser-petistas-e-37-se-declaram-bolsonaristas/