
O governador Cláudio Castro (PL), fez um discurso inflamado nesta sexta-feira (8), em agenda em Queimadios, na Baixada Fluminense, direcionando duras críticas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e, em especial, ao conselheiro Christiano Lacerda Ghuerren. O estopim foi a decisão do último dia 24 que suspendeu a licitação para a construção da Estação de Tratamento de Água Guandu 2, em Nova Iguaçu — projeto da Cedae orçado em cerca de R$ 2 bilhões e com a promessa de beneficiar aproximadamente quatro milhões de pessoas.
Segundo o TCE, a paralisação ocorreu diante de suspeitas de irregularidades no edital. Para Castro, porém, a medida foi motivada por “politicagem” e representou um prejuízo direto à população. “A gente vai lá, consegue o dinheiro, faz o projeto, vence tudo e o cara, por politicagem, faz uma sacanagem dessas”, disparou.
O governador elevou o tom, sugerindo até que o conselheiro experimentasse a falta d’água. “O certo era ir na casa desse cidadão e cortar a água dele pra ele ver o que é bom não ter água em casa”, disse, acusando o TCE de agir sem qualquer responsabilização. Ele defendeu mudanças na legislação para criar punições aos membros da Corte de Contas e extinguir os cargos vitalícios, substituindo-os por mandatos temporários. “Esse cidadão, que não tem um voto do povo, vai lá e cancela uma licitação que vai levar água pra quatro milhões de pessoas”, criticou.
Castro não poupou palavras — nem palavrões — para demonstrar sua indignação. “Eu estou puto com isso, irritado. É muito difícil juntar dinheiro, fazer um projeto sério, passar por tudo e, depois de estar tudo liberado, vir com politicagem…”, afirmou. Ele chegou a convocar os presentes e moradores da região a se manifestarem nas redes sociais do conselheiro. “Todo mundo tinha que ir lá no Instagram e encher a caixa do cara de mensagem, porque é uma sacanagem com o povo da Baixada.”
Sem demonstrar receio de eventuais represálias, o governador afirmou que buscará liberar a obra em “todas as instâncias” e convocou aliados políticos, como os deputados Carlinhos BNH (PP) e Hélio Lopes (PL), a atuarem na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional para questionar o TCE. “Eu não tenho medo de miliciano, vou ter medo de conselheiro? Nós vamos lutar para liberar essa obra. A Alerj e a Câmara têm que se levantar, fazer uma CPI, chamar o conselheiro e perguntar por que ele fez isso.”
As declarações causaram desconforto nos bastidores do Tribunal de Contas, que chegou a cancelar audiências previamente marcadas com secretários estaduais. A Corte informou que deve se manifestar oficialmente nos próximos dias.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/video-castro-parte-para-o-ataque-contra-o-tce-apos-suspensao-de-obra-da-eta-guandu-2/