13 de agosto de 2025
Volodymyr Zelensky nega que Ucrânia cederá território à Rússia
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou, nesse sábado (9), que o país não cederá território à Rússia sob nenhuma circunstância. A declaração foi feita poucas horas após o anúncio de que os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, acertaram uma reunião no próximo dia 15 de agosto, no Alasca, para tentar encerrar a guerra iniciada em fevereiro de 2022.

O encontro, marcado para ocorrer em território norte-americano, mas geograficamente próximo da Rússia, foi recebido com reservas por Kiev e também por lideranças europeias. O principal ponto de preocupação é que a Ucrânia não foi convidada a participar das negociações, apesar de ser parte diretamente envolvida no conflito. Na sexta-feira (8), ao anunciar a cúpula, Trump afirmou que “haverá alguma troca de territórios para o benefício de ambos”, referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem fornecer mais detalhes sobre quais regiões estariam em discussão.

Zelensky reagiu de forma contundente às declarações. “Os ucranianos não entregarão sua terras ao ocupante”, declarou nas redes sociais. “Não podem tomar decisões contra nós, não podem tomar decisões sem a Ucrânia. Seria uma decisão contra a paz. Não conseguirão nada”, advertiu. A guerra “não pode terminar sem nós, sem a Ucrânia”, acrescentou o presidente.

O líder ucraniano também relatou conversas telefônicas com chefes de Estado europeus. Com o presidente francês, Emmanuel Macron, discutiu o cenário político e militar. Após o diálogo, Macron afirmou na rede social X que “o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos”. Zelensky também conversou com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que expressou “total apoio” a Kiev e defendeu “uma paz justa e duradoura que respeite a independência e a soberania da Ucrânia”.

No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou por telefone com Putin. De acordo com o Palácio do Planalto, a conversa durou cerca de 40 minutos. Lula reiterou a disposição do Brasil de contribuir para uma saída pacífica para o conflito, enquanto o presidente russo agradeceu “o empenho e interesse” brasileiro no tema.

Negociação travada

As tentativas anteriores de aproximação entre Moscou e Kiev não avançaram. Em 2025, três rodadas de negociações diretas foram realizadas sem resultados concretos, e não há garantias de que a nova cúpula trará avanços. A invasão russa, que começou em fevereiro de 2022, deixou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e provocou danos severos à infraestrutura ucraniana. Putin segue resistindo a apelos dos Estados Unidos, da Europa e da própria Ucrânia para decretar um cessar-fogo.

A reunião no Alasca — território vendido pela Rússia aos Estados Unidos em 1867 — será a primeira entre presidentes em exercício dos dois países desde junho de 2021, quando Joe Biden se encontrou com Putin em Genebra. Trump e Putin não se reúnem presencialmente desde o G20 de 2019, no Japão, mas mantiveram contatos telefônicos em várias ocasiões desde o início do ano.

Ao comentar a escolha do local para o encontro, Zelensky destacou a distância física e simbólica do palco da guerra. “O Alasca está muito longe desta guerra, que é travada em nossa terra, contra nosso povo”, afirmou. Enquanto isso, no campo de batalha, a situação segue tensa: combates e ataques com drones foram registrados durante a noite, e o Exército russo avança no leste, ameaçando posições estratégicas no Donbass, entre elas a cidade de Pokrovsk, considerada vital para a logística das forças ucranianas.

O sábado também foi marcado por novas baixas civis. Bombardeios russos mataram quatro pessoas na região de Donetsk e outras duas em Kherson, no sul do país. As autoridades informaram ainda que cerca de 20 pessoas ficaram feridas nos ataques. Moscou mantém suas exigências para encerrar o conflito: que Kiev ceda quatro oblasts (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson), todos parcialmente ocupados pelas tropas russas, além da Crimeia, anexada em 2014; que renuncie à adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan); e que interrompa o recebimento de armas ocidentais.

Para a Ucrânia, essas condições são inaceitáveis. Zelensky insiste na retirada completa das forças russas de todo o território ucraniano e cobra garantias de segurança por parte do Ocidente, incluindo mais fornecimento de armamentos e até a possibilidade de envio de um contingente europeu — proposta rejeitada por Moscou.

*Fonte: Correio Braziliense

Fonte: https://oimparcial.com.br/mundo/2025/08/volodymyr-zelensky-nega-que-ucrania-cedera-territorio-a-russia/