12 de agosto de 2025
Pesquisa brasileira detalha nova espécie de peixe pré-histórico
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Uma espécie de peixe que viveu no período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás, foi descrita por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em um artigo publicado na revista científica Nature.

O trabalho foi possível graças à descoberta de um fóssil durante a expedição Paleoantar, realizada na Formação da Ilha Snow Hill, na Antártica, que envolveu diversas instituições brasileiras. Trata-se do vertebrado mais completo encontrado nesta localidade.

“A descoberta de Antarctichthys longipectoralis acrescenta uma nova dimensão à nossa compreensão da anatomia dos decertídeos e da evolução dos Aulopiformes durante o Cretáceo Superior”, escrevem os autores.

Holótipo de Antarctichthys longipectoralis da Formação Snow Hill Island (Imagem: Reprodução)

Uma nova espécie de peixe

  • A análise filogenética mostrou que o Antarctichthys ocupa uma posição central como gênero-irmão de Rhynchodercetis e Hastichthys, contribuindo para a diversidade de decertídeos posteriormente;
  • Segundo os autores, o espécime relatado é único. “A presença de uma conexão otofísica bem desenvolvida, mandíbulas desdentadas e raios da nadadeira peitoral incomumente alongados representam uma configuração anatômica única entre os decertídeos, expandindo a disparidade morfológica conhecida dentro do grupo”, escrevem;
  • As características anatômicas também podem fornecer insights potenciais sobre adaptações ecológicas, como estratégias de alimentação especializadas (possivelmente relacionadas à alimentação por filtração).
Relações históricas de Antarctichthys entre Dercetidae (Imagem: Reprodução)

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Pesquisa durou cinco anos

O fóssil foi escaneado por microtomografia computadorizada, uma técnica que fornece imagens de raio-x sem danificar o objeto. As projeções são geradas em alta resolução, possibilitando aos cientistas a realizarem análises minuciosas, com detalhes. O espécime foi recriado com cabeça longa, corpo delgado e pequenos espinhos neurais, medindo entre oito e dez centímetros

À Agência Brasil, a bióloga Valéria Gallo, professora titular do Departamento de Zoologia da UERJ, explicou que a descoberta corrobora a importância de pesquisas na Antártica para a compreensão da evolução da vida e da biodiversidade atual.

Presença do fóssil sinaliza que a área da Península Antártica provavelmente possuía um clima mais quente (Imagem: CherylRamalho/Shutterstock)

“O continente antártico, hoje uma vastidão gelada, já foi um ambiente rico em florestas e vida marinha. Descobertas como essa revolucionam nosso entendimento sobre como ecossistemas antigos responderam às mudanças ambientais. A presença desse fóssil sinaliza que a área da Península Antártica provavelmente possuía um clima mais quente e maior biodiversidade durante o Cretáceo.”

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/11/ciencia-e-espaco/pesquisa-brasileira-detalha-nova-especie-de-peixe-pre-historico/