
A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,26% em julho, ligeiramente acima da taxa de 0,24% de junho. Os dados, divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vieram abaixo do esperado pelo mercado financeiro.
A mediana das projeções de analistas apontava para 0,36%, dentro de um intervalo entre 0,30% e 0,39%. O resultado surpreendeu por ficar até mesmo abaixo do piso estimado.
Alimentos aliviam, energia pressiona
O grupo alimentação e bebidas apresentou queda de 0,27%, a segunda baixa consecutiva, ajudando a conter a inflação. O recuo nesse segmento compensou parte da alta da energia elétrica, que subiu 3,04% e exerceu a maior pressão individual sobre o índice no mês.
Com o resultado, o IPCA acumulado em 12 meses desacelerou para 5,23%, ante 5,35% no período até junho. No mês anterior, o indicador havia confirmado o primeiro estouro da meta contínua de inflação desde que o modelo foi implantado no Brasil, em janeiro.
Pelo sistema atual, adotado pelo Banco Central, a meta é considerada descumprida quando o IPCA acumulado fica por seis meses seguidos fora da faixa de tolerância, que varia entre 1,5% e 4,5%, tendo como centro 3%.
Projeções em queda, mas ainda acima da meta
Com o câmbio mais estável e preços agropecuários em queda, economistas têm revisado para baixo as previsões para a inflação de 2025. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira (11), a mediana das estimativas caiu para 5,05%, recuando pela 11ª semana seguida. Apesar disso, a taxa projetada segue acima do teto de 4,5% estabelecido na meta.
Impactos do tarifaço americano
Analistas avaliam que a sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros pode influenciar o comportamento da inflação nos próximos meses. Exportações de itens como café, carnes, pescados, frutas e calçados passaram a ser afetadas pela medida, em vigor desde quarta-feira (6).
No curto prazo, um maior volume desses produtos no mercado interno pode contribuir para aliviar preços. Porém, há receio de que a escalada da disputa comercial eleve as incertezas e pressione o dólar.
Uma valorização da moeda americana poderia impactar o IPCA, já que o câmbio influencia custos de produção e, consequentemente, os preços ao consumidor.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/ipca-desacelera-para-523-em-12-meses-e-surpreende-mercado-com-resultado-abaixo-das-projecoes/