16 de agosto de 2025
Justiça de SP decreta prisão preventiva de PM que matou
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Para o MP, policial teria presumido, sem justificativa, que o marceneiro “poderia ser um roubador” – Foto: Reprodução

Fábio Anderson Pereira de Almeida foi denunciado pelo MP pelo homicídio de Guilherme Dias Santos Ferreira, morto com um tiro na cabeça em Parelheiros

A Justiça de São Paulo decretou nesta sexta-feira (15) a prisão preventiva do policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, acusado de assassinar o marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, com um tiro na cabeça no mês passado. A decisão, assinada pela juíza Paula Marie Konno, também aceitou a denúncia do Ministério Público (MP), tornando o PM réu pelo crime.

Em sua decisão, obtida pelo UOL, a magistrada afirmou que as provas do inquérito indicam a autoria do crime e justificou a prisão preventiva como necessária para “garantia da ordem pública”. O MP também conseguiu autorização para realizar o exame de corpo de delito de outra vítima atingida pelo policial na mesma ocorrência. No entanto, o judiciário negou o pedido de quebra de sigilo das mensagens trocadas por Guilherme no dia do crime, alegando que a solicitação deveria ser feita em um pedido específico.

O promotor Everton Luiz Zanella, responsável pelo caso, argumentou no pedido de prisão que o agente agiu com “descompasso com a função pública” ao atirar pelas costas em Guilherme, que corria para pegar um ônibus após sair do trabalho. Segundo a denúncia, o policial teria presumido, sem justificativa, que o marceneiro “poderia ser um roubador”.

JOVEM PRETO CORRENDO PARA PEGAR O ÔNIBUS

A investigação aponta que Guilherme foi morto por engano em Parelheiros, na zona sul de São Paulo. Ele trabalhava em uma fábrica de camas e havia acabado de bater o ponto quando foi atingido pelos disparos. Pouco antes do crime, avisou a esposa que estava a caminho de casa. Nas redes sociais, postou uma foto marcando o fim do expediente.

Ao lado do corpo, foram encontrados uma marmita, talheres, um livro e a roupa de trabalho – detalhes que reforçam a rotina pacífica da vítima.

“Só porque é um jovem negro, preto, e estava correndo para pegar o ônibus, [o policial] atirou. O que é isso? Que mundo é esse? Ele era o único jovem preto no meio [do ponto] e foi atingido. A gente quer esse policial na cadeia, ele tem que pagar. Está solto, pagou fiança, mas para ele não é nada”, desabafou a esposa de Guilherme.

Fonte: https://horadopovo.com.br/justica-de-sao-paulo-decreta-prisao-preventiva-de-pm-que-matou-marceneiro-com-tiro-na-cabeca-por-engano/