
Um estudo publicado na revista Science Advances revela uma descoberta importante sobre os chamados “terremotos lentos” na costa leste da Ilha Norte da Nova Zelândia. Pesquisadores identificaram estruturas ocultas, chamadas sistemas de falhas poligonais (PFSs), que influenciam diretamente o comportamento sísmico da região.
Essas falhas aparecem em sedimentos que entram na zona de subducção e parecem controlar os terremotos de deslizamento lento. Segundo Philip Barnes, geólogo marinho da organização Earth Sciences New Zealand e membro da equipe, antigos padrões geológicos podem ser reativados mais próximos da superfície, influenciando o movimento gradual das placas tectônicas.
Em poucas palavras:
- Estudo revela falhas poligonais na costa da Nova Zelândia;
- Essas falhas ocultas controlam deslizamentos lentos na zona de subducção;
- Os eventos aumentam a tensão e podem gerar terremotos maiores;
- Pesquisadores usaram imagens 3D e modelagem computacional;
- A descoberta ajuda a compreender riscos sísmicos globais.
Falhas poligonais foram mapeadas com precisão sem precedentes
Na zona de subducção de Hikurangi, a Placa do Pacífico mergulha sob a Placa Australiana. Enquanto o sul da região fica bloqueado e pode gerar terremotos gigantes acima da magnitude 8, o norte se comporta de forma diferente. Ali, os deslizamentos lentos liberam a tensão tectônica ao longo de dias ou meses, sem tremores fortes.
Esses eventos não provocam terremotos violentos sozinhos, mas podem aumentar a pressão sobre falhas próximas e desencadear tremores mais destrutivos. Entender o que controla esses movimentos é essencial para melhorar alertas de terremotos e tsunamis, aumentando a segurança das comunidades costeiras.
O estudo foi uma colaboração internacional envolvendo pesquisadores da China, EUA e Nova Zelândia. Eles utilizaram dados do Programa Internacional de Descoberta Oceânica e do levantamento sísmico tridimensional NZ3D em Gisborne, permitindo mapear as PFSs com precisão inédita.

Com imagens sísmicas 3D de alta resolução, perfurações em alto mar e modelagem computacional, a equipe analisou como essas falhas evoluem ao longo do tempo. Formadas durante milhões de anos de sedimentação, elas podem ser reativadas quando arrastadas para a zona de subducção, tornando-se grandes falhas de empurrão.
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Descoberta oferece nova visão sobre os gatilhos dos terremotos lentos
Essas falhas também funcionam como canais para fluidos, facilitando o deslizamento das placas. A conexão entre a estrutura das falhas e a migração de fluidos oferece uma nova visão sobre os gatilhos dos terremotos lentos. A complexidade dessas falhas influencia padrões de estresse e deformações na crosta terrestre.
“Até então, não tínhamos a resolução de imagem necessária para vincular essas características diretamente ao comportamento de deslizamento lento”, explica Barnes. “Este estudo muda isso e nos oferece uma nova perspectiva para entender melhor a dinâmica da zona de subducção”.

Estruturas semelhantes foram observadas no Japão há 20 anos, mas só agora foi possível compreender seu papel real nos terremotos lentos, segundo Maomao Wang, da Universidade Hohai, na China, principal autor do estudo.
As imagens 3D confirmaram a presença das PFSs na margem norte de Hikurangi. Sistemas de falhas parecidos podem existir em outras zonas de subducção, como o Vale de Nankai, no Japão, ajudando a entender globalmente os terremotos lentos.
“Essas descobertas representam um avanço importante no estudo dos processos geológicos sob nossas costas”, afirma Barnes, completando que dados mais precisos podem ajudar os cientistas a avaliar riscos de forma confiável e fortalecer a resiliência da Nova Zelândia diante de eventos sísmicos.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/18/ciencia-e-espaco/terremotos-lentos-na-nova-zelandia-ganham-possivel-explicacao/