19 de agosto de 2025
Por que o oceano Pacífico é tão grande?
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Olhe para qualquer mapa do mundo e a imagem salta aos olhos: o oceano Pacífico ocupa uma faixa colossal de azul que separa as Américas da Ásia e da Oceania. Não é apenas o maior oceano do planeta. É o maior ambiente singular da Terra, com área estimada em cerca de 163 milhões de quilômetros quadrados, mais de trinta por cento de toda a superfície terrestre.

Ali está mais da metade de toda a água livre do mundo e também o ponto mais profundo conhecido, o Challenger Deep, na Fossa das Marianas, a mais de onze mil metros abaixo do nível do mar.

A pergunta que intriga quem se debruça sobre a história do planeta é direta. Por que o oceano Pacífico é tão grande e por que continua dominando o mapa mesmo depois de tantas mudanças geológicas ao longo de centenas de milhões de anos?

Por que o oceano Pacífico é tão grande?

Mapa com alertas de tsunami no Oceano Pacífico e avisos para a costa leste da América do Norte (Imagem: Reprodução/Sistema de Alerta de Tsunamis dos EUA)

A chave para entender esse tamanho extraordinário está na origem do próprio oceano. Antes de existir o Pacífico como o conhecemos, houve um superoceano chamado Panthalassa. Ele cercava o supercontinente Pangeia e dominava praticamente todo o globo.

Quando as placas tectônicas começaram a movimentar e a rasgar Pangeia, os blocos continentais se afastaram e novos oceanos nasceram nas aberturas criadas por esses movimentos. O Atlântico, por exemplo, surgiu no espaço que se abriu entre massas de terra que deram origem às Américas, à Europa e à África.

Já o Pacífico é essencialmente o que restou de Panthalassa. Em outras palavras, ele não começou pequeno e cresceu. Ele já era vasto desde o início por ser o remanescente do superoceano que envolvia o planeta.

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Essa herança explica o ponto de partida, mas não basta para entender a persistência do gigantismo. Entra em cena a dinâmica das placas tectônicas e o modo como o assoalho oceânico é fabricado e consumido.

As placas que sustentam oceanos e continentes se movem lentamente, às vezes se afastando, às vezes colidindo. Onde elas se afastam, material do interior da Terra sobe, esfria e cria nova crosta oceânica. Onde elas colidem, a crosta pode mergulhar para o interior do planeta em zonas de subducção e ser destruída.

O Atlântico tem um eixo central ativo que cria crosta nova e empurra as margens para longe. Por isso sua bacia cresce a uma taxa que parece minúscula, medida ano a ano na ordem de alguns centímetros, mas se torna enorme quando somada ao longo de milhões de anos.

Por que a placa tectônica do Pacífico é tão grande?

A história dessa placa ajuda a explicar a geometria do oceano. Modelos geológicos e estudos de reconstrução de placas indicam que a Placa do Pacífico nasceu em uma junção tripla no antigo leito da Panthalassa, um ponto onde três placas se encontravam.

Os nomes desses blocos antigos são Farallon, Phoenix e Izanagi. Naquele sistema, a nova placa ganhou terreno e as outras foram sendo empurradas e consumidas nas margens.

Fragmentos da Farallon ainda existem ao largo da costa oeste da América do Norte, agora em pequenas placas que registram essa história. A Izanagi desapareceu sob a Ásia. A Phoenix sobrevive em parte do oceano ao sul da América do Sul, na região do Passagem de Drake. Esse processo de nascimento e expansão explicam como a placa que sustenta o Pacífico se tornou tão ampla.

A geologia não é estática e a balança entre crescer e encolher pode inverter ao longo de dezenas de milhões de anos. Projeções recentes de modelos tectônicos indicam que o Atlântico pode iniciar um ciclo de encurtamento no futuro distante, o que mudaria a dança global das placas.

Mesmo com esse horizonte, o retrato atual é claro. O Pacífico continua sendo o maior dos oceanos, seguido de longe pelo Atlântico, pelo Índico, pelo Austral e pelo Ártico. O seu papel na circulação oceânica, no clima e na biodiversidade é proporcional ao seu tamanho.

A dança das placas tectônicas

Ilustração do planeta Terra dando ênfase a placas tectônicas
(Imagem: Jingchuan Wang)

Pangeia se rompeu. Panthalassa encolheu, mas deixou um remanescente gigante. A Placa do Pacífico nasceu em uma junção tripla e cresceu sobre antigas placas. O Círculo de Fogo moldou bordas ativas de subducção, recortando a bacia com fossas profundas e arcos de ilhas.

Enquanto isso, o Atlântico se abriu e cresceu devagar, mas com constância. Na soma de todas essas peças, o oceano pacífico tão grande que vemos no mapa é produto de herança e de movimento contínuo do planeta.

Para além da explicação histórica e tectônica, o tamanho do Pacífico tem efeitos práticos que influenciam a vida humana. O oceano define padrões climáticos, abriga megacorrentes que transportam calor e nutrientes e serve de palco para fenômenos que impactam safras, pesca e energia, como El Niño e La Niña.

A profundidade extrema de suas fossas ilumina processos do interior da Terra e desafia a engenharia e a biologia. O arco de vulcões e terremotos ao longo de suas margens recorda que o planeta segue ativo, e que a compreensão dessa mecânica não é apenas curiosidade científica. É ferramenta de segurança para populações que vivem em encostas e litorais do anel de fogo e dependem da previsão de riscos para planejar o futuro.

Com informações de Live Science.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/19/ciencia-e-espaco/por-que-o-oceano-pacifico-e-tao-grande/