
Pelo menos 99 ônibus já foram sequestrados e usados como barricadas por mebrs de facções criminosas no Rio de Janeiro em 2025, de acordo com dados da Rio Ônibus reportados pelo portal g1. O episódio mais recente ocorreu na última quinta-feira (14), na Ilha do Governador, quando bandidos tomaram 12 coletivos para bloquear vias na região do Morro do Dendê. Um dos veículos foi incendiado e 19 linhas tiveram de alterar seus trajetos para evitar a área.
A escalada de violência reacendeu o debate sobre a falta de medidas preventivas de segurança e sobre as consequências para os trabalhadores do transporte público, que têm abandonado a profissão diante da rotina de riscos.
Para a Rio Ônibus, o padrão de ataques mostra que a situação poderia ser evitada com mais ações de inteligência. “Essas situações acontecem sempre de forma muito parecida, praticamente nos mesmos lugares e nos mesmos horários. É como se fosse a crônica de uma morte anunciada. A gente sabe que vai acontecer e sabe o problema que vai ter. Então, não deve ser difícil para as autoridades de segurança terem um trabalho preventivo paralelo”, disse a entidade em nota.
Representantes do setor já têm reunião marcada com a Secretaria de Segurança Pública para discutir alternativas e reforçar pedidos de proteção aos passageiros e motoristas.
A crise também atinge diretamente os profissionais que dirigem os coletivos. O Sindicato dos Rodoviários denuncia que a situação vem causando adoecimento físico e mental. “É um caos dirigir um ônibus na cidade do Rio de Janeiro. Falta profissional. Os que estão operando têm pedido pra mudar de profissão, feito acordo e saído das empresas. Outros têm se encostado pelo INSS, outros estão em tratamento psicológico. Assim, do jeito que está, não dá pra continuar. A categoria não aguenta mais”, afirmou ao g1 Sebastião José, presidente do sindicato.
Um motorista ouvido pela reportagem, que preferiu não se identificar, contou que já teve seu ônibus tomado três vezes em quatro anos. Ele chegou a se afastar da função, mas precisou retornar ao trabalho. “O motorista, ele fica refém. Ele não consegue ir para o trabalho depois. Você fica com medo, dá medo de dirigir. É a gente na linha de frente, né? Infelizmente, nos temos que levar o nosso pão de cada dia.”
Os ataques de quinta-feira ocorreram após uma operação da Polícia Militar no Morro do Dendê, que resultou na prisão de quatro suspeitos e na apreensão de quatro fuzis. Para reagir, criminosos bloquearam vias importantes do bairro, como a Estrada da Cacuia e a Avenida Paranapuan.
Segundo a PM, a ação foi coordenada pelo 17º BPM (Ilha do Governador) e contou com reforço de batalhões da Maré e do Méier. Logo no início, uma granada foi lançada contra os policiais, mas não houve feridos. Seis pessoas foram detidas na região. Elas carregavam paus e pedras e, segundo a polícia, planejavam atacar outros ônibus. Todos foram levados para a 37ª DP (Ilha).
Motoristas narraram momentos de pânico durante as abordagens. “Mandaram atravessar o carro e pegaram a chave”, contou um dos condutores que teve o coletivo tomado.
O clima de insegurança também atingiu comerciantes. Funcionários de um restaurante na Estrada da Cacuia correram para retirar mesas e cadeiras da calçada, temendo que os objetos fossem incendiados. Moradores relataram ainda que criminosos atearam fogo em materiais deixados em caçambas de lixo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/em-2025-99-onibus-ja-foram-tomados-para-barricadas-no-rio-a-categoria-nao-aguenta-mais-diz-sindicato-dos-motoristas/