19 de agosto de 2025
Alexandre de Moraes rejeita pedido da defesa e mantém prisão
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O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, está preso há quase nove meses e tem recebido pouco apoio presencial de aliados no Congresso, informa Malu Gaspar em sua coluna no jornal O Globo. Segundo levantamento feito junto a integrantes das Forças Armadas e do Parlamento, apenas sete dos 25 parlamentares autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, compareceram à 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde o militar está detido desde dezembro do ano passado.

A situação contrasta com a de Bolsonaro, que, em condição semelhante, já recebeu mais de 60 pedidos de visita. No caso de Braga Netto, a autorização concedida por Moraes em abril abrangia 23 senadores, além do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o deputado Junio Amaral (PL-MG). Até agora, só esses dois parlamentares e cinco senadores — Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), Carlos Portinho (PL-RJ), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Rogério Marinho (PL-RN) — estiveram na unidade militar.

Nem mesmo Izalci Lucas (PL-DF), autor do requerimento que levou ao aval do STF, compareceu. “Eu fiz o requerimento com o pedido de vários senadores, mas infelizmente o ministro Alexandre de Moraes colocou tanta dificuldade, tanto impedimento, com relação a dia e horário, que acaba inviabilizando. O ideal pra mim seria fim de semana. Por isso que eu não fui até hoje. Alguns colegas meus foram, mas não fui exatamente por conta das dificuldades impostas pelo ministro”, disse.

Outros senadores alegam falta de tempo ou de interesse. Luis Carlos Heinze (PP-RS), por exemplo, admitiu ter se esquecido da autorização. “Nem eu me lembrava mais desse assunto, mas tenho interesse em visitá-lo. Braga Netto é um homem sério e injustiçado por narrativas”, declarou.

Entre os que justificaram ausência estão Sergio Moro (União Brasil-PR), Tereza Cristina (PP-MS) e Laercio Oliveira (PP-SE), que citaram conflitos de agenda. Já Dr. Hiran (PP-RR), médico oftalmologista há mais de 40 anos, disse não ter conseguido conciliar as visitas com sua rotina profissional: “Eu ainda sou um médico ativo, quando não estou em atividade parlamentar, tenho de correr pro Estado, operar, atender as pessoas. Infelizmente, não tenho tido tempo de sair desses meus compromissos. Essa é a grande razão”.

Styvenson Valentim (PSDB-RN) foi mais direto: “Não está nos meus planos fazer visita ao general até mesmo porque tenho muito trabalho no meu estado como fiscalizar minhas emendas parlamentares para construção de hospitais, escolas, estradas, etc. Meu tempo reservo exclusivamente para atender às demandas do meu povo potiguar”. Já Plínio Valério (PSDB-AM) disse que só assinou o requerimento por hábito de apoiar demandas de colegas, sem intenção de participar.

Entre os que ainda não foram visitar Braga Netto está também Romário (PL-RJ), que mora no Rio de Janeiro. Sua assessoria não respondeu aos questionamentos. Um aliado ouvido reservadamente atribuiu parte da dificuldade à localização da prisão: “Não basta chegar ao RJ, tem que ir até a Vila Militar. A maioria desconhece o trajeto e existe ainda a questão da segurança, pois o itinerário passa por áreas perigosas do RJ”.

Moraes determinou que as visitas fossem limitadas a três por dia, proibindo acompanhantes, assessores, seguranças e imprensa, além do uso de celulares e registros de imagem dentro da unidade.

Braga Netto foi preso sob acusação de tentar interferir nas investigações envolvendo a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Ele e Bolsonaro são apontados como integrantes do “núcleo crucial” da trama golpista investigada pelo STF. O julgamento do caso começará em 2 de setembro, e o general pode ser condenado a até 43 anos de prisão.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/apesar-de-aval-do-stf-braga-netto-recebeu-visita-de-apenas-sete-parlamentares-em-9-meses-de-prisao/