20 de agosto de 2025
Voyager 2 completa 48 anos prestes a se despedir da
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No dia 20 de agosto de 1977, a sonda Voyager 2 começava sua jornada. Ela é o segundo objeto mais distante já lançado pela humanidade (atrás apenas da Voyager 1, que foi lançada depois, mas em uma trajetória mais rápida). Hoje, embora esteja a 20 bilhões de quilômetros da Terra, ela segue enviando informações em sua missão de explorar o espaço profundo, mas quanto tempo esse trabalho ainda vai durar?

“A Voyager é a mais longa missão da história da exploração espacial e suas sondas, a Voyager 1 e 2 são os artefatos humanos mais distantes da Terra na atualidade. Para se ter ideia, o sinal de rádio da Voyager 1, viajando na velocidade da luz, leva mais de 21 horas e 45 minutos para chegar até nós”, explica o colunista do Olhar Digital, Marcelo Zurita,

Mas depois de tanto tempo, o sinal entre a sonda e Terra pode estar com os dias contados. O fator mais limitante não é a distância ou a exposição ao espaço, mas sim a quantidade de energia que a sonda consegue gerar.

Representação artística da sonda Voyager 1 voando a bilhões de km da Terra (medidas fora de escala, afinal, a uma distância tão grande, seria impossível ambas figurarem na mesma cena). Créditos: buradaki (Terra); Stock Store (sonda Voyager) – Shutterstock. Edição: Olhar Digital

Segundo a NASA, a Voyager 2 é alimentada por um gerador termoelétrico de radioisótopos (RTG) que utiliza plutônio para gerar eletricidade. Com o tempo, a produção de energia desse gerador diminui, forçando a equipe a desligar gradualmente os instrumentos a bordo.

Espaçonave já perdeu contato algumas vezes

Além da distância, a nave já perdeu o sinal algumas vezes. Em 2023, um desvio acidental de apenas 2 graus foi suficiente para causar uma interrupção na transmissão de dados entre a sonda e a Terra.

Já em 2020, a NASA ficou sete meses sem receber dados da sonda devido a um problema no radiotelescópio do DSN (Deep Space Network) localizado em Canberra, na Austrália. Os transmissores de rádio da antena não recebiam reparos desde a sua construção. Em ambos os casos, o sinal foi reestabelecido.

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Lembrando que, há pouco tempo, sua irmã gêmea teve problemas com o sinal. Esse foi o caso da Voyager 1, que também está no final de seu contato com a Terra e sofre mais com quedas de sinal.

A sonda Voyager 1 ainda mantém comunicação com a Terra, mesmo a 25 bilhões de quilômetros de distância, graças à Deep Space Network, da NASA. Créditos: NASA, ESA, and G. Bacon (STScI)

Quando a energia da Voyager 2 vai acabar?

Para lidar com a escassez de energia, os engenheiros estão desligando gradualmente os instrumentos científicos a bordo da sonda. Eles já tiveram que desligar o instrumento de ciência de plasma (PLS) em 2024 e, este ano, foi a vez do instrumento de partículas carregadas de baixa energia (LECP).

A próxima etapa é monitorar os recursos da Voyager 2 para decidir qual será o próximo instrumento a ser desligado quando necessário, de modo a manter a sonda operante por muito mais tempo e enviando mais dados vitais para nós.

Em 300 anos, a Voyager alcançará a borda inferior da Nuvem de Oort: a barreira final do Sistema Solar.
Em 300 anos, a Voyager alcançará a borda inferior da Nuvem de Oort: a barreira final do Sistema Solar. (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

A NASA estima que a energia será suficiente para manter as comunicações e alguns instrumentos científicos essenciais funcionando até meados da década de 2030, mas isso depende de como a equipe de engenheiros continuará a gerenciar os sistemas de energia da sonda.

Mais precisamente, a NASA calcula que a Voyager 2 deve continuar enviando dados científicos limitados até 2027. Entre 2027 e 2030, a espaçonave ainda pode mandar sinais de telemetria, embora muito fracos.

As descobertas da Voyager 2 revolucionaram nosso entendimento do Sistema Solar exterior, revelando a complexidade e diversidade dos planetas gigantes e suas luas. A sonda descobriu fenômenos surpreendentes, como os gêiseres de gelo da lua de Netuno, Tritão, os vulcões ativos de Io (lua de Júpiter), e os detalhes intricados dos anéis de Saturno. Ela identificou a Grande Mancha Escura em Netuno e forneceu as únicas imagens close-up de Urano e Netuno, descobrindo novos anéis e luas ao redor desses planetas. 

[ Disco de Ouro da Voyager. As figuras humanas foram substituídas por instruções detalhadas de como “tocar” o disco para reproduzir os sons e as imagens da Terra – Imagem: NASA ]

Após tanto trabalho, ela se tornará uma cápsula do tempo silenciosa, levando consigo uma fita e um disco de ouro com informações sobre a nossa civilização. O destino? Eras e povos em algum futuro distante. Apesar de seus quase 50 anos no espaço, a missão da Voyager 2 pode estar apenas começando…

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/20/ciencia-e-espaco/voyager-2-completa-48-anos-prestes-a-se-despedir-da-terra-para-sempre/