20 de agosto de 2025
Onda de plasma diferentona em Júpiter altera comportamento da aurora
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Pesquisadores do campus Twin Cities da Universidade de Minnesota (UMTC), nos EUA, identificaram um novo tipo de onda de plasma na aurora de Júpiter. A descoberta, publicada na revista Physical Review Letters, abre caminho para compreender melhor como funcionam os campos magnéticos de diferentes planetas.

Além disso, estudar esse fenômeno em Júpiter ajuda também a entender como o campo magnético da Terra atua como escudo contra a radiação solar, essencial para a vida em nosso planeta.

Em resumo:

  • Cientistas descobriram uma nova onda de plasma em Júpiter;
  • O estudo ajuda a entender campos magnéticos de outros planetas;
  • A descoberta veio de dados coletados pela sonda Juno em 2022;
  • As ondas têm frequência baixa, diferentemente do que ocorre na Terra;
  • O fenômeno segue sob investigação.
As imagens foram captadas pela sonda Juno, que investiga Júpiter desde 2016. Crédito: Merlin74 – Shutterstock

Auroras em Júpiter não se manifestam como as da Terra

A equipe analisou dados obtidos pela sonda Juno, da NASA, durante um voo histórico em órbita baixa sobre o polo norte de Júpiter feito em 2022. Aquela foi a primeira vez que cientistas puderam observar diretamente as regiões polares do planeta.

Em um comunicado, um dos autores principais do estudo, Ali Sulaiman, professor assistente na Escola de Física e Astronomia da UMTC, disse que o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, já havia fornecido imagens da aurora de Júpiter em infravermelho. Porém, a Juno é a primeira espaçonave a orbitar o planeta em trajetória polar, o que ampliou as possibilidades de investigação.

Júpiter possui um forte campo magnético que aprisiona e retém elétrons em movimento muito rápido. Esses elétrons irradiam ondas de rádio, produzindo as grandes extensões além do disco do planeta, vistas na imagem acima. Os elétrons e o campo magnético fora da atmosfera de Júpiter formam uma região muito semelhante ao cinturão de radiação de Van Allen da Terra. Crédito: NRAO/AUI/NSF

Assim como na Terra, o espaço em torno de Júpiter é preenchido por plasma, um estado da matéria em que os átomos se dividem em elétrons e íons. Com o vento solar, essas partículas aceleram em direção à atmosfera, interagindo com gases e produzindo o brilho da aurora. Na Terra, elas se manifestam em luzes visíveis verdes e azuis, mas em Júpiter o fenômeno só pode ser observado com instrumentos ultravioleta e infravermelho.

Os pesquisadores descobriram que, por causa da baixa densidade do plasma nos polos de Júpiter e da força de seu campo magnético, as ondas de plasma têm frequência muito baixa. Normalmente, elétrons criam ondas de Langmuir, que seguem as linhas do campo magnético, e íons geram ondas de Alfvén, que se movem perpendicularmente.

Em Júpiter, os pesquisadores viram o contrário: ondas de Alfvén com comportamento típico das Langmuir. Isso nunca foi registrado na Terra ou em qualquer outro planeta do Sistema Solar

A complexa mecânica do campo magnético de Júpiter permite que as partículas superaquecidas inundem intermitentemente a zona sobre as calotas polares, como mostrado na Figura 2a. Na Terra, a aurora assume um padrão típico de atividade auroral em forma de rosquinha ao redor da calota polar, mostrado na Figura 2b, enquanto a própria calota polar é geralmente escura. Crédito: R. L. Lysak1, A. H. Sulaiman1, S. S. Elliott et. al.

Segundo o professor Robert Lysak, líder da equipe, o plasma pode se comportar como um fluido, mas sofre influência constante dos campos magnéticos. Essa característica foi essencial para compreender o fenômeno recém-identificado.

O estudo revelou ainda que, em Júpiter, partículas carregadas chegam até a calota polar. Já na Terra, a aurora forma um anel de atividade ao redor dos polos. Novos dados devem surgir à medida que a missão Juno avança.

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Financiada pela NASA e pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) dos EUA, a pesquisa também foi liderada pela professora Sadie Elliott e contou com a participação de cientistas da Universidade de Iowa e do Southwest Research Institute (SwRI).

Sonda Voyager 1 gravou som do vento solar ‘batendo’ no gigante gasoso

A sonda Voyager 1, da NASA, foi lançada há mais de 47 anos e segue coletando dados importantes no espaço. Um dos registros impressionantes feitos pela nave é o som do vento solar ‘batendo’ no campo magnético de Júpiter.

O barulho é semelhante ao estrondo feito por uma aeronave supersônica, mas tudo acontece de forma natural. Escute o som e entenda este fenômeno.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/20/ciencia-e-espaco/plasma-fora-do-comum-transforma-aurora-de-jupiter/