A Polícia Federal (PF) afirmou, em relatório encaminhado nesta quarta-feira (20) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto descumpriu medidas cautelares ao manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos estão entre os investigados no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e, desde fevereiro de 2024, estavam proibidos de se comunicar por decisão judicial.
Segundo os investigadores, um dia após terem sido alvos de operação da PF e formalmente impedidos de manter contato, Braga Netto enviou uma mensagem de texto a Bolsonaro. No recado, ele informava um novo número de celular:
“Estou com este número pré-pago para qualquer emergência. Não tem zap. Somente FaceTime. Abs Braga Netto”, escreveu o ex-ministro.
Para a PF, a iniciativa caracteriza descumprimento direto da ordem judicial. “Os elementos probatórios corroboram, portanto, a hipótese de que os réus Jair Bolsonaro e Walter Souza Braga Netto descumpriram as medidas cautelares de proibição de manter contato durante a investigação”, destacou a corporação no relatório.
Mensagens apagadas e tentativa de obstrução
Além da comunicação com Braga Netto, a PF informou ter recuperado mensagens e áudios apagados do celular de Jair Bolsonaro. Entre os conteúdos, aparecem trocas com o pastor Silas Malafaia e com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo os investigadores, esses materiais reforçam indícios de tentativa de obstrução de Justiça e intimidação de autoridades envolvidas na apuração.
Contexto político e jurídico
Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, é apontado como uma das figuras centrais no núcleo político-militar da tentativa de subverter o resultado das eleições. O novo episódio aumenta a pressão sobre a defesa do ex-ministro, já que a violação de medida cautelar pode levar ao endurecimento das restrições impostas pelo STF — incluindo possibilidade de prisão preventiva.
O caso também fragiliza ainda mais a narrativa de Bolsonaro e aliados de que estariam sendo alvo de perseguição política, uma vez que a comunicação direta entre investigados foi expressamente proibida pelo Supremo.
Agora, caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, analisar o relatório e decidir se haverá aplicação de novas sanções contra Bolsonaro e Braga Netto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-aponta-que-braga-netto-descumpriu-ordem-judicial-e-fez-contato-com-bolsonaro/
