21 de agosto de 2025
Empresas são condenadas por assédio eleitoral a trabalhadores em favor
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Um relatório da Polícia Federal divulgado nesta quarta-feira (20) expôs novas evidências que complicam a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. O documento reúne mensagens, áudios e rascunhos apreendidos em celulares do ex-presidente e de aliados, apontando tanto sua aproximação com representantes do ex-presidente dos EUA Donald Trump quanto sua participação em pressões contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os trechos mais sensíveis está um áudio em que Bolsonaro pede orientação ao advogado Martin De Luca, que representa a empresa Rumble e a Trump Media & Technology Group. O objetivo, segundo o relatório, era “melhorar a comunicação em relação ao tarifaço” imposto ao Brasil por Trump. No registro, Bolsonaro afirma:

“Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito… pô fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin.”

Para os investigadores, a fala evidencia alinhamento político de Bolsonaro a interesses externos e a tentativa de instrumentalizar medidas de outro governo contra o Brasil em benefício próprio. Advogados de defesa consideram este trecho um dos mais delicados do relatório, por poder reforçar a tese de que o ex-presidente atuou em coordenação com aliados de Trump para pressionar autoridades brasileiras.

As conversas também revelam atritos familiares. Em mensagens trocadas em julho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se irritou após declarações do pai sobre seu embate com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O deputado respondeu de forma agressiva:

“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio, mas graças aos elogios que você fez a mim no Poder 360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se você aprende”.

Na sequência, elevou o tom:

“VTNC SEU INGRATO DO CARALHO!”

Segundo a PF, os diálogos também mostram que pai e filho atuaram em conjunto para pressionar ministros do STF e interferir na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado. O relatório afirma que Bolsonaro e Eduardo produziram e disseminaram mensagens em redes sociais, com apoio do pastor Silas Malafaia, em afronta às medidas cautelares impostas.

“As mensagens demonstram que as sanções articuladas dolosamente pelos investigados foram direcionadas para coagir autoridades judiciais do Supremo Tribunal Federal”, concluiu a PF.

Em outra mensagem, Eduardo admitiu que a articulação junto ao governo Trump tinha como objetivo blindar o ex-presidente. Ele escreveu que, se não houvesse avanços no Congresso brasileiro, a “última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump”. Em seguida, argumentou: “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”

O relatório também trouxe à tona um rascunho encontrado no celular de Bolsonaro: um pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei. No texto, o ex-presidente alegava ser alvo de perseguição política no Brasil e pedia que sua solicitação fosse analisada em regime de urgência. Para a PF, o documento reforça que, desde 2024, Bolsonaro cogitava deixar o país para escapar da Justiça.

A defesa do ex-presidente confirmou que a minuta foi escrita em fevereiro de 2024, mas afirmou que a proposta foi descartada por Bolsonaro.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/relatorio-da-pf-revela-que-bolsonaro-pediu-ajuda-a-advogado-de-trump-sobre-como-reagir-ao-tarifaco/