21 de agosto de 2025
Astrônomos rastreiam explosão cósmica de 12 bilhões de anos
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Astrônomos conseguiram rastrear uma explosão cósmica massiva até sua origem, em um evento que aconteceu há cerca de 12 bilhões de anos. A descoberta foi possível graças ao uso de uma classe ainda pouco compreendida de fenômenos espaciais, conhecidos como Fast X-ray Transients (FXTs) — explosões rápidas de raios-X que duram apenas alguns minutos.

Esse tipo de detecção abre caminho para um maior entendimento sobre o ciclo de vida e morte das estrelas no universo primitivo. A pesquisa foi publicada nesta terça-feira (19) na revista científica Nature Astronomy. Segundo os cientistas, trata-se do evento mais distante já observado no qual é possível ver a luz escapando diretamente de regiões em torno de estrelas.

Um jato de raios-X atravessa os destroços ao redor de uma supernova (Imagem: NASA/Swift/Cruz deWilde)

Fenômeno raro e difícil de rastrear

  • As FXTs foram registradas pela primeira vez recentemente e, até então, sua origem permanecia um mistério.
  • Elas surgem em galáxias a bilhões de anos-luz de distância e podem durar de segundos a poucas horas, o que dificulta o acompanhamento detalhado.
  • Com a ajuda do telescópio espacial de raios-X da Sonda Einstein, os astrônomos rastrearam um desses eventos, batizado de EP240315A, até sua fonte.
  • O sinal percorreu 12 bilhões de anos até chegar à Terra.
  • O estudo contou ainda com apoio de observatórios como o ATLAS, o Very Large Telescope (VLT), no Chile, e o Gran Telescopio Canarias, na Espanha.
  • O pesquisador Peter Jonker, da Universidade Radboud, afirmou que “é somente agora, graças à nova missão Sonda Einstein, que conseguimos identificar esses fenômenos praticamente em tempo real”.
sonda einstein
Ilustração da Sonda Einstein (Imagem: Chinese Academy of Sciences)

Energia além da imaginação

De acordo com os cientistas, o evento analisado aconteceu quando o universo tinha menos de 10% da sua idade atual. O pesquisador Andrew Levan, também da Universidade Radboud, explicou que a intensidade da explosão foi tão grande que “liberou, em poucos segundos, mais energia do que o Sol emitirá ao longo de toda a sua vida”.

Já a pesquisadora Samantha Oates, da Universidade de Lancaster, destacou que a novidade está na possibilidade de realizar observações complementares em outros comprimentos de onda, algo que não era possível em descobertas anteriores, feitas apenas com base em registros de arquivos.

Ligação com explosões de raios gama

Os dados coletados sugerem que as FXTs podem estar relacionadas às explosões de raios gama (GRBs), conhecidas como os eventos mais poderosos do universo. Os GRBs resultam do colapso de estrelas massivas que acabam formando buracos negros.

“A grande questão é se todas as FXTs vêm de sistemas semelhantes aos dos GRBs, ou se existe uma diversidade maior”, comentou Jonker. “Há boas razões para acreditar que ainda temos muito a descobrir.”

Uma ilustração de uma explosão de raios gama surgindo de um ambiente denso ao redor de uma estrela massiva em colapso (Imagem: NASA, ESA e M. Kornmesser)

Escapando da galáxia hospedeira

As observações feitas pelo VLT indicaram que a região de origem da EP240315A tinha pouca presença de hidrogênio. Esse detalhe é relevante porque o hidrogênio costuma bloquear a passagem de luz ultravioleta pelo espaço.

Segundo Andrea Saccardi, da Comissão de Energias Alternativas e Energia Atômica da França, aproximadamente 10% da luz ultravioleta gerada pela galáxia hospedeira conseguiu escapar e contribuir para a ionização do universo. “Esse é o evento mais distante em que podemos ver diretamente a luz escapando de regiões ao redor de estrelas”, afirmou.

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Sonda Einstein abre nova janela para o universo

A Sonda Einstein, lançada em janeiro de 2024, foi fundamental para essa conquista. O telescópio espacial já detectou outros 20 eventos semelhantes desde então, ampliando o campo de estudo sobre como as estrelas chegam ao fim de suas vidas e sobre as condições do universo primitivo.

“A Sonda Einstein abriu uma nova janela para o universo, permitindo investigar a origem desses fenômenos transitórios de raios-X e expandir o conhecimento sobre o comportamento associado à morte de estrelas massivas”, explicou Oates.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/21/ciencia-e-espaco/astronomos-rastreiam-explosao-cosmica-de-12-bilhoes-de-anos/