
As exportações brasileiras para os Estados Unidos entraram em crise após o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Empresas de diferentes segmentos, sem perspectivas de reversão imediata das sobretaxas ou da abertura de novos mercados, passaram a adotar férias coletivas como medida emergencial para reduzir custos. Representantes da indústria pressionam o governo Lula em busca de ações adicionais que evitem cortes em larga escala.
No setor de madeira, o impacto foi imediato. A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), que reúne fabricantes de compensados, pisos, molduras e pallets, relatou suspensão e cancelamento de contratos com clientes dos EUA. Diante de estoques encalhados e falta de espaço para armazenamento, empresas como a Millpar — segunda maior do setor no país — decretaram férias coletivas em sua unidade de Quedas do Iguaçu (PR). Com a persistência da crise, a companhia encerrou as atividades locais e concentrou a produção em Guarapuava (PR).
Os efeitos, no entanto, não se limitaram à madeira. A indústria calçadista também adotou recesso coletivo, enquanto a Polimetal, fornecedora da Taurus, colocou 33 de seus 50 funcionários em férias em São Leopoldo (RS). Em nota, a Taurus informou que transferirá parte da produção para os Estados Unidos como forma de “minimizar os impactos da taxação” sobre as armas brasileiras.
Segundo especialistas, a concessão de férias coletivas é apenas a primeira etapa de contenção de custos. A medida permite fôlego financeiro temporário, mas, caso o cenário persista, as companhias já discutem alternativas como banco de horas, antecipação de feriados e programas de demissão voluntária (PDV), considerados menos onerosos do que dispensas unilaterais.
Diante da escalada da crise, o governo anunciou na semana passada um plano emergencial, prevendo R$ 30 bilhões em crédito e benefícios tributários, condicionado à manutenção de empregos. Embora a iniciativa tenha sido bem recebida, empresários avaliam que ainda é insuficiente e cobram mais rapidez na adoção de mais políticas.
A Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) encaminhou propostas ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB). Entre as medidas sugeridas estão a redução temporária de jornada com corte proporcional de salários, a suspensão de contratos por até 90 dias e a criação de um auxílio federal aos trabalhadores.
A expectativa do setor produtivo é de que o governo apresente, nas próximas semanas, alternativas mais concretas para conter os efeitos do tarifaço de Trump e preservar empregos em meio a uma crise que já afeta diferentes regiões do país.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifaco-de-trump-sufoca-exportacoes-brasileiras-e-industrias-recorrem-a-ferias-coletivas-para-evitar-demissoes/