26 de agosto de 2025
Trabalhadores aprovam estado de greve contra demissões na Sabesp
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Assembleia que deciciu pela mobilização foi realizada nesta segunda-feira (25). Foto: Sintaema

Em assembleia na segunda-feira (25), os trabalhadores da Sabesp aprovaram estado de greve e o início de uma jornada de lutas em defesa de direitos e contra as demissões nos constantes PDVs (Plano de Demissão Voluntária) desencadeados pela direção da empresa após a privatização.

De acordo com a diretoria do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), o chamamento da assembleia foi a discussão sobre “a grave situação que a categoria vem enfrentando com assédio, pressão psicológica, abuso de poder e demissões em massa na capital e interior”.

“A direção da Sabesp privada tem forçado adesão ao chamado ‘PDV Dirigido’, que atinge setores estratégicos como Atendimento, Almoxarifado, TI e Jurídico – todos entregues de bandeja para a terceirização”, denuncia o sindicato.

Segundo a entidade, a justificativa para as demissões “é uma mentira repetida”. A direção da empresa alega “baixa produtividade”, afirma o sindicato, mas, “na prática, trata-se de uma manobra para enxugar o quadro, cortar direitos e ampliar as margens de lucro dos acionistas”.

Durante a assembleia, a diretoria do Sintaema informou aos trabalhadores que a Sabesp já anunciou que pretende lançar um novo PDV, amplo e que abarque o conjunto da categoria. Segundo a entidade, assim que houver mais informação e a divulgação, será convocada uma nova assembleia para debater a proposta.

O Sintaema reafirmou ainda que vai “lutar para que trabalhadoras e trabalhadores dos setores do Atendimento, Almoxarifado, TI e Jurídico que não queiram aderir ao PDV Dirigido sejam realocados em outros setores da empresa”.

O sindicato também vai contestar a legalidade das demissões, pois a própria Lei de Privatização da Sabesp, aprovada na Alesp, garante estabilidade, mesmo quando há indenização. “Situação ainda mais grave para quem está próximo da aposentadoria, já que o tempo restante de contribuição deixaria de ser contabilizado”, diz o sindicato.

DESCASO

Em seu site, o Sintaema denuncia diversos casos que demonstram a queda na qualidade dos serviços da Sabesp após a privatização, como a da comunidade da Cachoeirinha, no Guarujá (SP), que “sofreu oito dias sem água”.

“Moradores recorreram a parentes, bicas e caminhões-pipa para conseguir o mínimo para cozinhar, tomar banho e cuidar de suas famílias. Famílias inteiras, com crianças e idosos, precisam racionar água, improvisar soluções e enfrentar o descaso da Sabesp, que tenta justificar o problema com a estiagem. Mas a pergunta que ecoa entre os moradores é simples: por que nas áreas mais nobres da cidade não falta água?”, relata o sindicato.

A entidade afirma que esse não é um caso isolado. “Bairros como Santa Rosa, Santa Cruz dos Navegantes e Parque Estuário também enfrentam a mesma realidade: torneiras secas e sentimento de abandono”. “Enquanto isso, a empresa segue emitindo comunicados e prometendo obras futuras, mas não garante o direito imediato e básico da população: acesso à água potável”.

Conforme a entidade, o problema tem uma origem: “a privatização da Sabesp, que prioriza os lucros dos acionistas em vez de assegurar um serviço público de qualidade”, afirma.

Além do estado de greve, a categoria também aprovou na assembleia um ato unificado no dia 3 de setembro, às 10h, em frente à unidade da Sabesp na Costa Carvalho; produção de materiais de denúncia sobre os efeitos da privatização e o real projeto de Tarcísio de Freitas; atuação direta nas Casas Legislativas (Câmaras e ALESP), com realização de audiências públicas e articulação com mandatos, e ações jurídicas para barrar os ataques, por dano moral coletivo.

“O Sintaema reafirma: água não é mercadoria! É um direito humano e um bem essencial para a vida. A privatização não traz solução, apenas aumenta as desigualdades e penaliza ainda mais as comunidades que já vivem em situação de vulnerabilidade”, reafirma o sindicato.

Fonte: https://horadopovo.com.br/trabalhadores-aprovam-estado-de-greve-contra-demissoes-na-sabesp/