
Os governos de Brasil e Israel vivem um novo capítulo de tensão diplomática após declarações do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em publicação feita em português no X nesta terça-feira (26), Katz chamou Lula de “antissemita declarado e apoiador do Hamas”, relacionando a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) à suposta proximidade do país com o Irã.
O ministro também divulgou uma imagem gerada por inteligência artificial (IA) em que Lula aparece como fantoche controlado pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano (veja abaixo).
Quando o presidente do Brasil, Lula @LulaOficial, desrespeitou a memória do Holocausto durante meu mandato como Ministro das Relações Exteriores, declarei-o persona non grata em Israel até que pedisse desculpas.
Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e… pic.twitter.com/O0rzmTYqPA— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) August 26, 2025
“Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA — o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel — colocando o país ao lado de regimes, como o Irã, que nega, abertamente, o Holocausto, e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu Katz.
O Itamaraty reagiu, classificando a manifestação como uma “grosseria inaceitável”. Em nota publicada também em rede social, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o ministro israelense repete “ofensas, inverdades e grosserias” e cobrou de Israel a obrigação de “impedir a prática de genocídio contra os palestinos”.

Escalada das tensões entre Brasil e Israel
- A saída do Brasil da IHRA, em julho, já havia gerado reações. A organização pró-Israel StandWithUs criticou a decisão, destacando que a aliança, criada nos anos 1990 e à qual o Brasil aderiu em 2021, tem como missão principal combater o antissemitismo e promover a educação sobre o Holocausto;
- O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, justificou que o Brasil se sentia “manipulado” pela definição de antissemitismo utilizada na entidade. Segundo ele, “qualquer defesa da Palestina” era enquadrada como antissemitismo;
- Amorim ressaltou que o Brasil não nega o Holocausto e lembrou que Lula visitou o Museu do Holocausto em 2010. Ele também afirmou que a memória do Holocausto não deve ser usada como justificativa para o que descreveu como “genocídio na Palestina”.
A crise diplomática se aprofundou na segunda-feira (25), quando Israel retirou a indicação do diplomata Gali Dagan para o posto de embaixador em Brasília, após meses de impasse.
Representantes da embaixada israelense chegaram a se reunir com o Itamaraty para negociar alternativas, mas não obtiveram resposta. Segundo a CNN, o Brasil não pretende ampliar as relações com Israel pelo menos até o fim da guerra em Gaza.

Reincidência
O episódio mais recente soma-se a outros atritos entre os dois países. Em maio de 2024, Lula removeu, oficialmente, o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, após considerá-lo vítima de um constrangimento em fevereiro do mesmo ano, quando foi convocado ao Museu do Holocausto para ouvir críticas públicas de Katz a declarações de Lula. Na ocasião, o governo brasileiro classificou a atitude como “inaceitável”.
Além disso, em julho, o Brasil aderiu ao processo na Corte Internacional de Justiça que acusa Israel de genocídio em Gaza.
Lula também já fez críticas duras ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e foi declarado “persona non grata” em Israel. Nesta terça-feira (26), durante reunião ministerial, o presidente voltou a se referir às ofensivas israelenses na Faixa de Gaza como genocídio.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/27/pro/brasil-e-israel-em-novo-capitulo-de-tensao-apos-ataque-a-lula-nas-redes-sociais/