28 de agosto de 2025
Copom eleva Selic para 14,75% e leva juros ao maior
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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (27) que a taxa básica de juros da economia brasileira deve permanecer elevada por mais tempo do que o esperado inicialmente. A declaração foi feita durante a abertura do 33º Congresso & ExpoFenabrave, em São Paulo, promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), e foi registrada pelo jornal Valor Econômico.

Segundo Galípolo, a Selic — atualmente em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas — precisa continuar em nível restritivo porque a inflação segue acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “Essa taxa de juros deve permanecer nesse patamar restritivo por um período prolongado, justamente porque estamos em um cenário de descumprimento da meta e com projeções nas quais a convergência ainda está se dando de maneira lenta”, declarou.

Inflação persistente pressiona BC

A meta de inflação definida para 2025 é de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%. No entanto, os números recentes continuam apontando pressão inflacionária. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26%, acumulando alta de 5,23% em 12 meses, acima do teto da meta.

Galípolo lembrou que, ao assumir o comando do BC em janeiro de 2025, precisou encaminhar carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento da meta no ano anterior, quando a inflação fechou em 4,83%. Ele destacou que tanto as projeções do mercado quanto as do próprio BC indicam inflação acima da meta não apenas em 2025, mas também em 2026 e 2027.

De flexibilização a aperto monetário

O presidente do BC explicou que o país vinha em trajetória de cortes de juros entre o fim de 2023 e meados de 2024, mas a deterioração das expectativas obrigou uma reversão. “Quando o BC começa a subir os juros, precisa subir mais do que a inflação está subindo. Ele precisa apertar mais”, disse.

Galípolo ressaltou ainda que, embora os juros elevados tenham impacto negativo sobre o crédito e a atividade econômica, a prioridade da instituição é a convergência da inflação. “O BC tem de olhar com parcimônia e não pode se emocionar com um dado pontual”, afirmou.

Resiliência da economia em meio ao aperto

Durante o evento, o dirigente também foi questionado sobre o desempenho da economia brasileira, que tem mostrado resiliência mesmo com juros em patamar historicamente alto. Ele reforçou que o desafio do Banco Central é calibrar a política monetária sem perder de vista o equilíbrio entre inflação e crescimento.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/juros-vao-ficar-altos-por-um-periodo-prolongado-diz-galipolo/