28 de agosto de 2025
Espécie rara de tubarão é redescoberta após 50 anos desaparecida
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Um artigo publicado este mês no periódico científico Journal of Fish Biology relata a redescoberta do Gogolia filewoodi, de nome popular o tubarão-cão-de-vela, uma espécie considerada “perdida” por mais de cinco décadas. O animal foi encontrado durante levantamentos de pescarias em Papua-Nova Guiné, surpreendendo cientistas que acreditavam que ele poderia já estar extinto.

A última vez que a espécie havia sido registrada foi em 1970, quando um exemplar foi coletado no norte do país e descrito três anos depois. Desde então, não havia novos registros. Nem mesmo estudos detalhados sobre tubarões e raias, realizados na década de 2010, conseguiram encontrá-lo.

Em 2020, quando pesquisadores do Fundo Mundial para a Natureza realizaram entrevistas e levantamentos com pescadores locais em Madang, surgiram fotos de cinco exemplares fêmeas capturados mortos. Dois anos depois, em setembro de 2022, pescadores documentaram o primeiro macho já registrado da espécie, também sem vida.

Dois dos cinco exemplares fêmeas da espécie Gogolia filewoodi, de nome popular o tubarão-cão-de-vela, encontrados em 2020. Crédito: Sagumai et al., Journal of Fish Biology, 2025

Animal sempre esteve por ali, garantem moradores locais

Relatos de moradores indicam que o tubarão nunca esteve realmente ausente, apenas passava despercebido pela ciência. De acordo com pescadores da vila de Bilbil e da Lagoa Madang, ele é ocasionalmente capturado durante a pesca na Baía de Astrolábio. Essa região, no entanto, está cada vez mais visada pelo comércio de bexigas natatórias de peixes, o que pode colocar a espécie em risco como captura acidental.

Os cientistas alertam que o tubarão-cão-de-vela pode ser restrito a uma área muito pequena, característica chamada de microendemismo, que o tornaria extremamente vulnerável ao declínio populacional com o aumento da atividade pesqueira. Já há planos em andamento para monitorar e manejar sua presença na região, mas o futuro da espécie segue incerto.

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Casos como esse não são os únicos. Diversas espécies consideradas “perdidas” foram reencontradas nos últimos anos, embora o processo não seja simples. Ao site IFLScience, Sérgio Henriques, coordenador do Zoológico de Indianápolis, que participou da redescoberta de uma aranha após 92 anos, explicou que a busca depende de paciência, perseverança e da capacidade de observar sinais no ambiente repetidamente até ter sorte.

Além de representar uma vitória para a ciência, o reencontro com o tubarão-cão-de-vela também é um lembrete de que a sobrevivência de espécies raras depende diretamente da proteção de seus habitats e do manejo sustentável das atividades humanas.

No topo da imagem, o mapa de Papua Nova Guiné mostrando a área da Baía do Astrolábio, onde os tubarões foram encontrados. No meio, um dos espécimes fêmeas capturados em 2020. Abaixo, o exemplar macho descoberto em 2022. Crédito: Sagumai et al., Journal of Fish Biology, 2025

Maior tubarão do mundo é avistado no Brasil

Chegando a medir impressionantes 19 metros de comprimento, o tubarão-baleia é conhecido como o maior tubarão do planeta. Além disso, os exemplares desta espécie são os maiores peixes vivos atualmente.

Apesar do tamanho avantajado, esse animal também corre risco de extinção, sendo classificado como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). O que torna uma aparição registrada recentemente no Brasil ainda mais especial. Saiba detalhes aqui.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/27/ciencia-e-espaco/especie-rara-de-tubarao-e-redescoberta-apos-50-anos-desaparecida/