
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) avaliam que o julgamento do ex-presidente, marcado para esta terça-feira (2), pode acelerar medidas do governo Donald Trump contra autoridades brasileiras. Deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e o empresário Paulo Figueiredo viajam a Washington para acompanhar o processo e reforçar a ofensiva junto a autoridades americanas. As informações são de reportagem da Folha de São Paulo.
Segundo eles, não há expectativa de surpresa no veredito, considerado praticamente certo para a condenação. Essa percepção tem sido levada a membros da gestão Trump como argumento para endurecer sanções contra magistrados e acelerar o movimento político por uma anistia no Brasil.
Radar de sanções americanas
Entre as medidas em análise pelo governo dos EUA estão restrições de vistos a mais autoridades brasileiras, punições financeiras e a revisão de exceções tarifárias concedidas ao país. O Departamento do Tesouro reuniu documentos sobre Viviane Barci, esposa do ministro Alexandre de Moraes, cogitando incluí-la no rol de sancionados pela Lei Magnitsky.
Eduardo Bolsonaro defendeu pessoalmente essa inclusão ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, alegando que ela atuaria como “braço financeiro” do ministro. Há ainda discussões sobre ampliar a lista de assessores, juízes e delegados próximos a Moraes que poderiam perder o direito de entrada nos Estados Unidos.
Movimento pela anistia
No Congresso brasileiro, a aposta dos bolsonaristas é aprovar a chamada “PEC das prerrogativas” ou “PEC anti-chantagem”, que limita investigações contra parlamentares sem aval do Legislativo e altera regras do foro especial. A expectativa é que, fortalecendo o Congresso frente ao STF, o caminho para uma anistia a Bolsonaro e aliados fique mais viável.
O texto, porém, enfrentou resistências. A votação prevista para o dia 27 não avançou após divergências de partidos em torno do relatório de Lafayette de Andrada (Republicanos-MG). A proposta também buscava suspender inquéritos em andamento e conceder ao Legislativo poder de rever, a cada 90 dias, prisões de parlamentares.
Condenação como catalisador
Para aliados de Bolsonaro, a eventual condenação não será apenas a confirmação de um cenário esperado, mas também um gatilho político. A leitura é de que, quanto mais duras as reações externas — especialmente de Washington —, maior será a pressão interna para aprovar a anistia.
“É a comprovação da perseguição. Acredito na anistia e que ela abrirá o caminho para Bolsonaro ser candidato do PL”, disse Eduardo Bolsonaro.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaristas-apostam-em-novas-sancoes-dos-eua-para-reforcar-anistia-no-brasil/