2 de setembro de 2025
concessionária é acusada de destruir patrimônio
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Protesto de frequentadores do Parque da Àgua Branca durante evento que degradou o local – Foto: Divulgação

O Parque da Água Branca – um dos mais emblemáticos espaços públicos da cidade São de São Paulo, tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) e pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de SP) desde meados dos anos 1990 – está sob crescente ameaça desde sua privatização em 2022. 

Administrado pela Reserva Novos Parques (também conhecida como Concessionária Novos Parques Urbanos), o local vem se tornando palco de intervenções que colocam em risco seu patrimônio histórico, ambiental e cultural.

Frequentadores denunciam ruído excessivo, fumaça, cheiro impregnante e bloqueios nas alamedas por veículos e tapumes durante eventos promovidos pela concessionária, manifestações que expressam preocupação com a degradação da experiência de sociabilidade e contato com a natureza, pilares essenciais à função de um parque público saudável. 

“Os eventos promovidos pela Concessionária Novos Parques poluem o Parque com ruído e som estupidamente alto, com fumaça, com cheiro desagradável que impregna tudo e todos, e bloqueiam as alamedas com carros e tapumes”, criticam os integrantes do movimento em defesa do espaço. 

Em protesto em frente ao parque neste domingo (30), os manifestantes denunciaram que “a fauna que habita o nosso parque está sofrendo” e “a vegetação arbórea está sendo agredida”. “A população está sendo roubada do seu direito constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Roubada do seu direito universal de usufruir um parque público”, denunciaram os manifestantes.

Uma ação popular ajuizada por parlamentares e conselheiros do parque aponta para supressão de vegetação nativa substituída por espécies exóticas pouco atrativas à fauna local; estruturas temporárias (como decks de madeira, piso de concreto e coberturas de vidro) foram instaladas em áreas de preservação ambiental, sem licenciamento adequado junto à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e ao Condephaat. 

“A privataria bolsotucana está destruindo o Parque da Água Branca”, denuncia o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). “Não bastasse o confinamento das aves, a concessionária responsável permitiu a absurda construção de uma churrascaria no local”. Ao lado de outros parlamentares, como os vereadores Nabil Bonduki e Luna Zaratini, ambos do PT, Giannazi tem realizado visitas ao local e articulado ações para tentar barrar o desmonte do espaço. 

Entre elas, uma ação no Ministério Público, no Condephaat, no Conpres e em demais órgãos de proteção ao patrimônio. Os documentos pedem o embargo das obras, a aplicação de penalidades, a responsabilização civil dos envolvidos e a restauração do parque ao seu estado original. “A intervenção compromete a integridade do patrimônio histórico e representa uma ação sem interesse público legítimo, violando os princípios da administração pública”, aponta Nabil.  

A população também reclama da instalação de uma churrascaria (Fazenda Churrascada) em antigos estábulos do parque. As obras, que incluem britadeiras, cimento, tijolos e modificações na estrutura original, realizadas, em parte, sem aprovação dos órgãos competentes, conforme revelou o g1, da TV Globo, configuram potencial dano irreparável ao tombamento do espaço. 

Para além dos danos ao patrimônio histórico, moradores do entorno também denunciam diversos transtornos, como o barulho constante que se estende até altas horas da noite e a circulação frequente de caminhões no interior do parque. A Associação de Moradores de Perdizes declarou que a comunidade local não foi consultada sobre a instalação do restaurante. “É uma intervenção feita sem consulta ao conselho gestor e sem maiores explicações à comunidade”, disse a associação.

Apesar de decisões contrárias à construção da churrascaria por parte de órgãos fiscalizadores – como a Arsesp, agência reguladora do Estado de São Paulo, que em maio de 2025 determinou a suspensão imediata das obras por falta de licenças adequadas para intervenções em imóvel tombado – manifestações posteriores autorizaram a continuidade dos trabalhos.

Fonte: https://horadopovo.com.br/privatizacao-ameaca-parque-da-agua-branca-concessionaria-e-acusada-de-destruir-patrimonio/