O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não estará presente na abertura do julgamento sobre a suposta trama golpista que começa nesta terça-feira (2) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi confirmada pelos advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno à CNN Brasil, que alegaram questões de saúde como principal motivo para a ausência. O processo pode resultar em penas que ultrapassem 40 anos de prisão, caso seja condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a defesa, Bolsonaro manifestou desejo de comparecer, mas médicos, familiares e advogados recomendaram que permanecesse em casa, onde cumpre prisão domiciliar. A recomendação foi seguida apesar da pressão de aliados políticos, que defendiam a ida ao STF como forma de transmitir um recado de resistência à base bolsonarista. Nos bastidores, relatos dão conta de que o ex-presidente tem apresentado crises de soluço nos últimos dias, embora aliados garantam que ele se mantém sereno diante do julgamento.
Na véspera da sessão, Bolsonaro recebeu em casa a visita da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Durante o encontro, ambas fizeram uma oração em apoio ao ex-presidente. A cena foi interpretada como demonstração de união simbólica em meio ao cenário de incertezas jurídicas.
Assim como Bolsonaro, a maioria dos oito réus considerados parte do núcleo central do suposto plano golpista também não deve comparecer presencialmente ao Supremo. O general Walter Braga Netto, preso desde dezembro de 2024, acompanhará por videoconferência. Já nomes como Augusto Heleno, Anderson Torres, Almir Garnier e Mauro Cid assistirão de casa, segundo suas defesas. Até o momento, o único que confirmou presença física no julgamento foi o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
O STF programou sessões até 12 de setembro, em cinco datas distintas, algumas em turno único e outras em dois turnos, para analisar o caso. Além de Bolsonaro, os réus respondem por acusações que incluem tentativa de golpe, ameaça contra patrimônio público e deterioração de bens tombados.
A ausência do ex-presidente no Supremo, portanto, marca o início de um dos julgamentos mais aguardados da história recente do país, com forte impacto político e jurídico, tanto para seu futuro quanto para o legado de sua gestão.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonaro-ausente-julgamento-da-tentativa-de-golpe-deve-comecar-sem-presenca-do-ex-presidente/
