
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (2) o julgamento do primeiro núcleo de acusados no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. Entre os sete réus estão Jair Bolsonaro e quatro nomes de peso das Forças Armadas: os generais da reserva Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, além do almirante Almir Garnier Santos.
Segundo informa Bela Megale em sua coluna no jornal O Globo, a avaliação dentro da caserna é quase unânime: não há espaço para absolvição. Para oficiais que acompanham o caso, as provas reunidas pela Polícia Federal e os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República já deixam claro que os militares serão condenados.
— A expectativa é de que todos enfrentem penas duras, possivelmente em regime fechado — relata um integrante da cúpula, que reforça a possibilidade de progressão para prisão domiciliar em fases posteriores.
Um ponto ainda em aberto é o futuro do general Augusto Heleno. Aos 77 anos, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) pode ser beneficiado por medidas cautelares em razão da idade avançada, hipótese considerada nos bastidores do Supremo.
Crimes imputados
Os militares do chamado “núcleo crucial” respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Trata-se do grupo apontado como central no planejamento e na execução da ofensiva para tentar subverter a ordem constitucional após as eleições de 2022.
Estratégia da caserna
A linha adotada pela cúpula militar é clara: tratar o caso como questão da Justiça, evitando qualquer associação institucional das Forças Armadas com os réus. O esforço é separar as trajetórias pessoais dos oficiais acusados do papel das Forças enquanto instituição de Estado.
Ainda assim, há receio de que o julgamento provoque reflexos negativos na imagem das Forças Armadas. Na tentativa de medir o impacto político do processo, comandantes militares buscaram nesta segunda-feira interlocutores no Congresso e no governo. A movimentação reflete o cuidado para evitar que a repercussão ultrapasse os limites do tribunal e alcance diretamente os quartéis.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/cupula-das-forcas-armadas-preve-condenacoes-de-bolsonaro-e-de-todos-os-militares-envolvidos-em-trama-golpista/