Haroldo Costa será homenageado com Diploma Abdias Nascimento da Alerj – Agenda do Poder

Referência da cultura popular brasileira, o ator, escritor, produtor e agitador cultural Haroldo Costa receberá o Diploma Abdias Nascimento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

O projeto de resolução que concede a homenagem, da deputada Elika Takimoto (PT), foi aprovado nesta quarta-feira (2). A escolha tem um simbolismo especial: Haroldo iniciou a carreira justamente no Teatro Experimental do Negro, idealizado justamente por Abdias Nascimento, que dá nome ao diploma.

Nascido no Rio em 1930, Haroldo Costa começou sua trajetória artística na década de 1940, atuando em peças do Teatro Experimental e participando de projetos de alfabetização de adultos.

Sua estreia se deu na montagem de “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso. Pouco depois, fundou o Teatro dos Novos, que mais tarde se tornou o Teatro Folclórico Brasileiro, grupo que levou espetáculos de dança, canto e teatro a 25 países ao longo de cinco anos.

Em 1956, ganhou projeção ao protagonizar “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, no Theatro Municipal do Rio — sendo o primeiro ator negro a assumir papel de destaque naquele palco.

Também esteve em montagens marcantes como “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. No cinema, participou de “Pista de Grama” (1958) e “Tanga – Deu no New York Times” (1986).

Na televisão, integrou novelas como “Pantanal” (1990) e “Chica da Silva” (1996), além da minissérie “Chiquinha Gonzaga” (1999). Atuou ainda como produtor e diretor em programas de TV que marcaram época, entre eles “Discoteca do Chacrinha” e atrações estreladas por Dercy Gonçalves.

Escritor e defensor da cultura afro-brasileira

Além da atuação nos palcos e nas telas, Haroldo Costa é autor de livros que se tornaram referência sobre a contribuição negra para a identidade nacional. Entre suas obras estão “Fala Crioulo: O Que É Ser Negro” (1982), “Salgueiro: Academia de Samba” (1984), “100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro” (2001) e “Arte e Cultura Afro-Brasileiras” (2014). Seu trabalho sempre buscou destacar a centralidade da cultura afro-brasileira na formação da sociedade.

Em 2015, foi empossado na Academia Brasileira de Arte, ocupando a cadeira 32, dedicada a Castro Alves. Também foi homenageado em uma exposição no Instituto Cultural Cravo Albin. Reconhecido como profundo conhecedor do carnaval, Haroldo se tornou presença constante nas transmissões dos desfiles das escolas de samba, compartilhando análises sobre enredos, alas e fantasias.

Com uma vida dedicada à arte, à cultura e à valorização das raízes africanas no Brasil, Haroldo Costa agora soma o Diploma Abdias Nascimento à sua trajetória como reconhecimento de sua contribuição à identidade e à diversidade cultural do país.