O Brasil registrou em agosto o maior déficit do ano nas transações comerciais com os Estados Unidos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC). As exportações brasileiras para o mercado norte-americano somaram US$ 2,76 bilhões no mês, uma queda de 18,5% em relação a agosto de 2024. Enquanto isso, as importações de produtos americanos alcançaram US$ 3,99 bilhões, alta de 4,6% no mesmo período. O resultado foi um saldo negativo de US$ 1,23 bilhão, o maior de 2025 até agora.
Tarifaço de Trump pressiona o comércio
O aumento do déficit ocorre em meio ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As sobretaxas, implementadas de forma progressiva, chegaram a 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA a partir de 6 de agosto. Além de alegar questões econômicas, Trump também relacionou as medidas a fatores políticos, citando o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e supostos impactos sobre “direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”.
Histórico de déficits e aumento do rombo em 2025
No acumulado de janeiro a agosto, o Brasil registra déficit de US$ 3,48 bilhões no comércio com os Estados Unidos, um salto de 370% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo negativo era de US$ 745 milhões. O último superávit mensal com os norte-americanos foi registrado em dezembro de 2024, no valor de US$ 468 milhões. Os números confirmam uma tendência histórica: desde 2009, as vendas americanas para o Brasil superam as importações, gerando um saldo negativo de US$ 88,61 bilhões nos últimos 16 anos.
Medidas do governo para conter impactos
Para reduzir os efeitos do tarifaço, o governo brasileiro anunciou um pacote de medidas emergenciais, incluindo:
- Linha de crédito: R$ 30 bilhões disponíveis para empresas exportadoras, condicionados à manutenção de empregos.
- Seguro à exportação: ampliação da proteção contra inadimplência e cancelamento de contratos.
- Diferimento de impostos: adiamento da cobrança de tributos para empresas afetadas.
- Isenção de insumos: prorrogação do prazo de uso do regime de drawback por mais um ano.
- Novo Reintegra: crédito tributário para desonerar exportações.
- Compras públicas: prioridade para programas de alimentação e hospitais.
- Diversificação de mercados: busca por novos parceiros comerciais para reduzir a dependência dos EUA.
China, México e Argentina impulsionam vendas
Apesar da queda nas exportações para os EUA, o Brasil registrou aumento significativo nas vendas para outros parceiros. Em agosto, as exportações para a China cresceram 29,9%, para o México 43,8% e para a Argentina 40,4%, ajudando a compensar parte das perdas no mercado norte-americano.
Superávit geral da balança comercial
Considerando todos os países, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,13 bilhões em agosto, alta de 35,8% frente ao mesmo mês de 2024, quando o saldo foi de US$ 4,52 bilhões. As exportações somaram US$ 29,86 bilhões, crescimento de 8,9%, enquanto as importações ficaram em US$ 23,72 bilhões, avanço de 2,6%. No acumulado do ano, o saldo geral é positivo em US$ 42,81 bilhões, embora 20,2% menor do que no mesmo período do ano passado.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarifaco-brasil-registra-maior-deficit-do-ano-com-os-eua-apos-queda-nas-exportacoes/
