
O Exército Brasileiro determinou a proibição de manifestações em frente a seus quartéis em todo o país. A decisão foi confirmada ao portal Metrópoles por um general da ativa, que destacou que a medida tem como objetivo preservar a instituição e impedir a repetição de episódios como os ocorridos após as eleições de 2022.
Tolerância zero em áreas militares
De acordo com o oficial ouvido, a ordem partiu do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O general ressaltou a necessidade de rigor: “para que não haja outros movimentos em frente ao quartel”. Ele também frisou que as Forças Armadas “não são políticas”.
A restrição a manifestações em frente a unidades militares já existia, mas havia sido flexibilizada no fim de 2022, durante os protestos em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão atual retoma a linha dura e tenta conter o uso simbólico das instalações militares como palco de mobilizações políticas.
Réus com histórico militar
O endurecimento ocorre em meio a processos judiciais contra os acusados de integrar o chamado “núcleo crucial do golpe”. Dos oito réus apontados pela investigação, seis têm trajetória militar: o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos; o general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional; o coronel Mauro Cid; o general Paulo Sérgio Nogueira; o general Walter Souza Braga Netto; além do próprio Jair Bolsonaro, que é capitão reformado.
Entre os civis denunciados estão o deputado Alexandre Ramagem (PL) e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A forte presença de militares entre os investigados reforça a preocupação do Exército em evitar novos episódios que associem a instituição a movimentos políticos e golpistas.
O acampamento do QG em Brasília
A lembrança mais simbólica da ligação entre atos políticos e instalações militares está no acampamento bolsonarista erguido em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. O espaço se tornou o epicentro das manifestações que culminaram nos ataques de 8 de Janeiro.
Foram 71 dias de atividades, entre 30 de outubro de 2022, data da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e 9 de janeiro de 2023, quando 1.927 pessoas foram conduzidas do QG até a Academia Nacional da Polícia Federal. Nesse período, o acampamento combinou orações, discursos radicais, planejamento de atentados e até aulas informais de táticas de guerrilha ministradas por militares da reserva.
O local atraiu empresários, autônomos, aposentados, grupos armamentistas e militares reformados. Barracas foram erguidas em larga extensão, com parte dos manifestantes passando a noite no QG e outros retornando diariamente após se hospedarem em casas ou hotéis.
Distanciamento da política
Com a nova determinação, o Exército busca marcar posição de neutralidade e blindar seus quartéis de usos políticos. O objetivo é evitar que os espaços militares voltem a servir de cenário para manifestações que ameacem a ordem democrática e reforçar a mensagem de que, como destacou o general ouvido, as Forças Armadas “não são políticas”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/para-evitar-golpismo-exercito-proibe-manifestacoes-em-frente-a-quarteis-no-7-de-setembro/