O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta sexta-feira (5) a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo ele, a medida tem caráter político e reflete uma postura de confronto do presidente norte-americano Donald Trump em relação ao Brasil.
Em entrevista ao SBT, em Brasília, Lula disse que não vê necessidade de telefonar para Trump neste momento. “Não passou da hora porque ele não quer conversar. Tenho o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para dialogar. Mas interlocutor [com os EUA] não existe”, declarou.
Críticas à postura de Trump
Lula afirmou que a carta enviada por Trump em julho, justificando a taxação, mistura temas comerciais e políticos e chega a interferir em assuntos internos do Brasil, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).
“A carta do Trump se intromete no Poder Judiciário, na soberania e na legislação brasileira. Cada um cuida do seu quintal. Do nosso, cuidamos nós”, disse o presidente.
Segundo Lula, Trump apresentou “três inverdades” ao alegar que:
o Brasil não respeita democracia e direitos humanos;
o país não pode regular big techs americanas;
existe déficit comercial dos EUA com o Brasil.
“O déficit comercial não existe. Em 15 anos, os EUA tiveram superávit de US$ 410 bilhões em relação ao Brasil. Quem tem déficit é o Brasil”, rebateu.
Efeitos da tarifa para os americanos
Lula também alertou que o aumento da taxação pode prejudicar diretamente os consumidores dos Estados Unidos. “Se os EUA acham que seu presidente virou imperador e pode ditar regras ao mundo, vão ver o que acontece. O povo americano vai pagar mais caro pelos produtos brasileiros”, afirmou.
Mesmo com as críticas, o petista disse estar aberto ao diálogo. “Aprendi a negociar, inclusive com magnatas. Quando Trump quiser negociar, terá um metalúrgico preparado. O Lula paz e amor está de volta”, afirmou.
Relações com China e defesa da indústria nacional
O presidente destacou que a China se tornou um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente na área de ciência, tecnologia e carros elétricos. “Nós iremos aumentar a taxação de qualquer estrangeiro que prejudique a indústria brasileira”, completou.
Eduardo Bolsonaro e pressão nos EUA
Lula também comentou sobre a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem buscado apoio nos Estados Unidos para pressionar por anistia de envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Para o presidente, o parlamentar não age sozinho.
“Não acredito que ele esteja sozinho. Há mais gente insuflando o comportamento americano em relação ao Brasil. Mas não me deixo levar pela raiva. A relação Brasil-EUA vai voltar à normalidade porque os povos são mais inteligentes do que os presidentes”, concluiu.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-critica-tarifas-de-trump-e-diz-que-eua-tem-postura-politica-contra-o-brasil/
