9 de setembro de 2025
NASA encontra ‘pegadas aurorais’ nunca antes vistas em uma das
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Um artigo publicado este mês na revista Nature Communications relata a primeira observação clara de Calisto, o segundo maior satélite natural de Júpiter, emitindo sinais de aurora. Com isso, os cientistas completam o registro das chamadas “pegadas aurorais” das quatro luas galileanas do planeta, que também incluem Io, Europa e Ganimedes.

Segundo a NASA, as luas galileanas são assim chamadas em referência a Galileu Galilei, que foi quem as descobriu em 1610. Cada uma delas se destaca por suas características únicas: Io é vulcanicamente ativa, Europa possui uma superfície de gelo com um possível oceano subterrâneo, Ganimedes é a maior lua do Sistema Solar, e Calisto, a mais distante, é coberta por crateras antigas.

Calisto é o segundo maior satélite natural de Júpiter e o mais distante do planeta, além de ser a terceira maior lua do Sistema Solar. Crédito: JPL/Nasa

Em poucas palavras:

  • Cientistas observaram pela primeira vez a lua Calisto, de Júpiter, emitindo sinais aurorais;
  • De acordo com os dados da sonda Juno, da NASA, ela exibe padrões semelhantes aos das luas irmãs;
  • A interação entre Calisto e Júpiter gera partículas e ondas magnéticas;
  • As medições foram possíveis durante evento solar que deslocou as luzes dos polos do planeta;
  • Missões como Europa Clipper e JUICE podem aprofundar a investigação magnética de Júpiter.

Assim como a Terra, Júpiter apresenta auroras brilhantes em seus polos. No entanto, algo peculiar acontece com as luas galileanas, que não se observa no satélite natural do nosso planeta: elas interagem com o campo magnético do gigante gasoso, criando emissões únicas. Essas “pegadas aurorais” aparecem em diferentes comprimentos de onda, como ultravioleta, rádio e ondas de plasma, permitindo que os cientistas estudem como cada lua influencia a magnetosfera de Júpiter.

Combinação estratégica de fatores permitiu visualizar assinaturas aurorais de Calisto

De acordo com um comunicado, o Telescópio Espacial Hubble, da NASA, já havia identificado sinais aurorais em Io, Europa e Ganimedes. A lua Calisto, porém, apresentava apenas indícios fracos. Sua emissão era muito tênue e, na maioria das vezes, se misturava à intensa aurora de Júpiter, o que dificultava a análise e impossibilitava caracterizar suas propriedades de forma completa.

Sonda Juno capturou as marcas em Júpiter de todas as quatro luas galileanas. As auroras relacionadas a cada uma delas são identificadas no quadro por Io, Eur (de Europa), Gan (de Ganimedes) e Cal (de Calisto). Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/Equipe UVS/MSSS/Gill/Jónsson/Perry/Hue/Rabia

Em órbita de Júpiter desde 2016, a missão Juno, também da NASA, oferece imagens sem precedentes das luzes polares do gigante gasoso. Para registrar as assinaturas aurorais de Calisto, a principal aurora oval do planeta deve se deslocar enquanto a sonda fotografa os polos. Além disso, os instrumentos da espaçonave precisam que ela passe pela linha do campo magnético que liga Calisto a Júpiter, para conseguirem observar partículas, ondas e variações magnéticas geradas pela interação entre os dois corpos.

Essa combinação de fatores ocorreu durante a 22ª órbita, em setembro de 2019, quando um vento solar de alta densidade atingiu Júpiter e deslocou sua aurora oval em direção ao equador. Pela primeira vez, o evento revelou a “pegada auroral” de Calisto à sonda, que estava na posição exata e pôde ainda obter dados valiosos sobre a interação entre a lua e o campo magnético do planeta.

Sonda Juno capturou as marcas em Júpiter de todas as quatro luas galileanas. As auroras relacionadas a cada uma delas são identificadas como Io, Eur (de Europa), Gan (de Ganimedes) e Cal (de Calisto). Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/Equipe UVS/MSSS/Gill/Jónsson/Perry/Hue/Rabia

As medições permitiram aos pesquisadores mapear com precisão as assinaturas aurorais em diferentes tipos de radiação e ondas. Os resultados mostraram que Calisto compartilha padrões semelhantes aos de suas irmãs galileanas, confirmando teorias sobre as interações entre os satélites e a magnetosfera de Júpiter.

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Órbita de Júpiter recebe novas espaçonaves na próxima década

A sonda Juno segue investigando as luas de Júpiter, mas novas missões devem aprofundar o conhecimento sobre elas. 

Lançada em 14 de outubro, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, a bordo de um foguete SpaceX Falcon Heavy, a missão Europa Clipper, da NASA, está prevista para chegar ao sistema joviano em 2030. 

No ano seguinte, quem alcança a órbita do planeta é a sonda JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA). Juntas, essas espaçonaves devem esclarecer mais sobre os fenômenos aurorais, a dinâmica magnética de Júpiter e o comportamento das luas galileanas.

O post NASA encontra ‘pegadas aurorais’ nunca antes vistas em uma das luas de Júpiter apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/08/ciencia-e-espaco/nasa-encontra-pegadas-aurorais-nunca-antes-vistas-em-uma-das-luas-de-jupiter/